Religião
13 de setembro de 2007Colônia, junho de 2007. Até tarde da noite, nas praças e zonas de pedestres da cidade, pregadores jovens atraem ouvintes ainda mais jovens. Seu modo de falar não se diferencia muito do estilo dos rappers. As roupas dos ouvintes se assemelham às dos fãs de hip hop. No 31º Congresso da Igreja Luterana Alemã, uma coisa fica clara: as relações com a religião se transformaram profundamente nos últimos anos.
Evento espiritual ou nova definição de uma comunidade
O novo retorno à espiritualidade, à primeira vista, parece ser apenas uma nova forma de festividade com caráter religioso. "No 31º Congresso da Igreja Luterana Alemã, as pessoas vestem cachecóis e lenços pelas ruas. Às vezes de cor alaranjada, outras vezes com as cores do arco-íris. Mas um show de música pop também não é um evento religioso?", pergunta-se o teólogo vienense Ullrich Körtner.
Os analistas afirmam que, nos eventos religiosos na Alemanha, o tema religião é cada vez mais apolítico. Fala-se até mesmo de uma espécie de spa para a alma, um acontecimento espiritual no qual a religião atua não apenas como um instrumento de regulação, mas também como um meio de expressão de uma atitude de vida moderna e autodeterminada.
Körtner questiona se a redescoberta das religiões vem apenas de uma busca individual pela espiritualidade numa festa de rua em Colônia ou em qualquer outro lugar. "Neste caso, não se trataria de uma instrumentalização da religião, que apenas em parte tem a ver com espiritualidade e que, na verdade, satisfaz a outras necessidades, como a de formar uma comunidade?", pergunta.
De retrógrada a cool
A busca mais intensa por uma identidade cultural de uma comunidade é uma característica deste século. Muitos jovens de diferentes culturas encontraram uma identidade global nos ideais de esquerda. As identidades de esquerda do século 20 criticavam a herança cultural de seus pais.
Este fenômeno não aconteceu apenas em nações industriais, mas também em países subdesenvolvidos, como Egito e Iraque. Hoje, a religião é visível nas ruas de Cairo, Bagdá, mas também em Colônia e outras cidades da Europa Ocidental – e este retorno da religião não se limita às gerações mais velhas, mas também alcança jovens cool.
Religião a serviço da política?
O novo retorno às religiões é, sem dúvida, um fenômeno mundial observável ao mesmo tempo em culturas diferentes, mas com modelos semelhantes. Também não se discute que esse retorno é suscetível de ser usado negativamente por certos políticos.
A retórica religiosa é usada como um instrumento político não apenas pelo presidente norte-americano e por radicais islâmicos de todas as cores; também em Colônia, grupos de extrema direita fazem mau uso do caráter cristão da cidade ao impedir a construção de uma mesquita.