Relíquias dos tempos da Alemanha Oriental
Quase 30 anos após a Reunificação, um livro resgata em fotografias lembranças da antiga República Democrática Alemã antes que desapareçam ou sejam esquecidas.
Corrida contra o tempo
Durante três anos, o fotógrafo Andreas Metz viajou pelo território da antiga Alemanha Oriental, no leste da Alemanha, para fotografar prédios e objetos do tempo da República Democrática Alemã e assim resgatar um pouco da história da RDA, ameaçada por demolições ou pela intempérie, como este letreiro de neon em Leipzig, anúncio de um estabelecimento alemão-oriental de alimentos.
"Incentivar pessoas a verem estes lugares"
O autor explica que o livro pretende ser uma espécie de guia de viagem, inspirando mais pessoas a visitar esses lugares. O restaurante Seerose, em Potsdam, por exemplo, inaugurado em 1983, ainda funciona. Tal como ele, na RDA havia mais de 70 prédios com design futurista, projetados pelo engenheiro Ulrich Müther. Muitos, porém, foram demolidos.
O Lenin esquecido em Brandemburgo
Metz encontrou este busto de Vladimir Lenin (1870-1924), um dos líderes da Revolução Russa, em uma floresta de Fürstenberg, no estado de Brandemburgo. Ele suspeita que o objeto tenha sido deixado para trás quando as tropas soviéticas abandonaram a região após a queda do Muro de Berlim.
De bicicleta pela ex-Alemanha Oriental
Para fazer as fotos, o autor viajou pelo território da antiga Alemanha Oriental de bicicleta e transporte público. "Se você viaja de bicicleta, tem uma percepção mais viva dos lugares. A viagem pode ser mais lenta, mas você é bem mais flexível", diz. Esta imagem mostra a entrada de uma usina nuclear em Rheinsberg, no estado de Brandemburgo, fechada em 1990.
Não apenas aspectos negativos
O objetivo da série de fotografias, segundo o autor, é ilustrar a vida cotidiana na RDA além dos aspectos negativos, como a fronteira, a Stasi (polícia secreta) e as prisões. Numa praça de brinquedos em Leipzig, ele encontrou esse escorregador em formato de elefante.
Pela energia nuclear
O mural intitulado "O uso pacífico da energia nuclear" encontra-se hoje em um prado distante no estado da Turíngia. No passado, pertencia a uma fábrica de mineração que produzia urânio para bombas atômicas soviéticas. Com 231 mil toneladas extraídas, a RDA era a quarta maior produtora de urânio do mundo. Devido a isso, milhares de trabalhadores foram expostos a radiações nocivas.
Abandono
Na foto, uma antiga fábrica de cabos em Köpenick, no sudeste de Berlim. Fechada nos anos 1990, ela tinha 1,6 mil trabalhadores. Hoje, está tomada por grafites nas paredes e plantas trepadeiras nos pilares de metal. No complexo, que fica junto ao rio Spree, há planos para a construção de até mil apartamentos. Apenas alguns prédios protegidos como patrimônio histórico serão preservados.
Cultura cinematográfica
Inaugurado em 1963, o cinema Kino International fica na avenida Karl Marx Allee, em Berlim, e funciona até hoje. Nos tempos da RDA, sediou inúmeras estreias, principalmente da produtora estatal DEFA, mas também de sucessos internacionais como "Dirty Dancing".
Retiro no bosque
Esta casinha deteriorada e praticamente imperceptível no meio do mato não é uma "datscha" (casa de campo) qualquer, mas sim a de Erich Honecker, por 18 anos chefe de governo da então RDA. Ela fica numa área arborizada em Wandlitz, ao norte da capital alemã. Protegida do resto da população, a privilegiada elite do Estado de regime comunista aqui podia viver em condições luxuosas.
O Muro como obra de arte
Entre as fotografias no livro "Ost Places" não poderia faltar o Muro. Andreas Metz fotografou esses restos pintados em Kleinmachnow, entre Berlim e Potsdam.