Eleição europeia
8 de junho de 2009As projeções para as eleições ao Parlamento Europeu, que se encerraram neste domingo (07/06), apontam para uma vitória dos partidos conservadores que formam o grupo do Partido Popular Europeu/Democratas Europa (PPE-DE) e uma derrota dos socialistas, que sofreram fortes baixas em alguns países.
Basicamente, a divisão de poder no Parlamento não foi modificada. A diferença entre a bancada conservadora e a do Partido Socialista Europeu (PSE), segunda maior força no Parlamento, aumentou.
A Aliança Liberal-Democrata pela Europa (Alde), terceira maior força, sofreu leves perdas, seguida da bancada dos Verdes/Aliança Livre Europeia (Verdes/ALE), que conseguiram, por sua vez, pequenos ganhos.
A grande surpresa, no entanto, ficou por conta da eleição de uma série de deputados críticos à ideia de uma Europa unida e de representantes da extrema direita de diferentes países. Por esse motivo, é contida a alegria da bancada conservadora.
Trabalho conjunto
Em muitos países, a participação do eleitorado foi baixa. Para muitos cidadãos do bloco, a União Europeia é distante e desconhecida. Em média, a participação em todo o continente foi somente de 43%, a cifra mais baixa desde a primeira eleição direta, há 30 anos. Em alguns países do leste da UE, essa média chegou a 20%. Muitos políticos questionam até que ponto tais números ainda garantem a legitimidade de um mandato.
O belga Wilfried Martens, líder da bancada conservadora, conclamou socialistas e liberais ao trabalho conjunto para salvar o projeto europeu: "Os que são a favor da Europa e da integração europeia, estes compõem as três famílias políticas europeias. Sim, existem entre elas diferentes posições, mas eu acho que, devido ao fortalecimento dos populistas, dos extremistas e dos céticos em relação à Europa, temos que cooperar mais do que o fazíamos anteriormente".
Personalização da eleição
A baixa participação do eleitorado nas eleições para o Parlamento Europeu fortalece as vozes que clamam por reformas profundas na União Europeia. O comissário alemão na UE, Günter Verheugen, sugeriu que a Comissão Europeia seja eleita pelo Parlamento. Dessa maneira, a campanha eleitoral poderia ser personalizada, afirmou Verheugen em entrevista à TV alemã ARD, nesta segunda-feira (08/06).
Essa também é a opinião do líder da bancada liberal, Graham Watson. Se os comissários fossem eleitos entre os deputados, "as pessoas poderiam ver que seus votos teriam influência direta na composição da nova Comissão Europeia", explicou Watson em Bruxelas.
Atualmente, o presidente da Comissão é escolhido pelos 27 chefes de Estado e de governo da UE, que também escolhem os candidatos para os diferentes postos de comissário em Bruxelas. Cabe ao Parlamento somente aprovar a escolha da Comissão.
Provável reeleição de Barroso
Quem também lucrou com o resultado do pleito de quatro dias nos 27 países-membros da União Europeia foi o atual presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso. Ele é o candidato dos partidos conservadores, que poderão reelegê-lo para um segundo mandato no poderoso posto da política europeia.
A eleição trouxe ainda outro resultado: o clima na Irlanda contra o Tratado de Lisboa parece ter mudado. Na União Europeia, muitos esperam que os irlandeses o aprovem num segundo referendo a ser realizado antes do final do ano e que o tratado que regulamenta a reforma da UE entre em vigor em breve.
Autor: Christoph Hasselbach/Carlos Albuquerque
Revisão: Roselaine Wandscheer