Reunião do Eurogrupo termina sem acordo para Grécia
18 de junho de 2015As negociações desta quinta-feira (18/06) para resolver o impasse de cinco meses entre a Grécia e seus credores europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI) terminaram sem um acordo. Reunidos em Luxemburgo, os ministros das Finanças da União Europeia (UE) não conseguiram chegar a uma solução para a crise envolvendo o resgate financeiro à Grécia.
"Não há acordo no Eurogrupo", escreveu o vice-presidente da Comissão Europeia para o euro, Valdis Dombrovskis, em sua conta oficial no Twitter, depois que as negociações foram suspensas após 90 minutos de conversações. "É um sinal forte para a Grécia se envolver seriamente nas negociações. O Eurogrupo está pronto para se reunir a qualquer momento", acrescentou.
Segundo informações dadas por uma fonte à agência de notícias AFP, a reunião foi "trágica e sem sequer um pedido de prorrogação do programa de resgate no fim do mês", quando o segundo resgate financeiro da Grécia expira.
O chefe do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, disse em coletiva de imprensa que o tempo está se esgotando e que a "bola está claramente no lado grego". O ministro holandês das Finanças disse também ser "lamentável que tão pouco progresso tenha sido alcançado e que nenhum acordo esteja em vista".
Ele acrescentou que o ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, apresentou muito poucas medidas credíveis e sérias. Além disso, Dijsselbloem advertiu que agora cabe ao governo grego apresentar novas propostas nos próximos dias.
Tusk convoca reunião de emergência
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, convocou os líderes dos países-membros da zona do euro para novo encontro na próxima segunda-feira, a fim de "discutir urgentemente" a situação do resgate grego. "Em decorrência dos resultados da reunião do Eurogrupo, decidi convocar uma cúpula do euro para a segunda-feira. É hora de discutir urgentemente a situação da Grécia no mais alto nível político", disse.
É temido que a Grécia não possa cumprir seus compromissos em breve. Atenas está tentando ter acesso aos 7,2 bilhões de euros restantes no resgate internacional, mas há meses está tendo dificuldades em realizar as reformas econômicas exigidas pelos credores. Caso todos os lados não cheguem a um acordo até o fim de junho, a Grécia poderá perder o acesso completo ao auxílio financeiro.
População grega esvazia contas bancárias
Além disso, segundo autoridades bancárias gregas, cerca de 2 bilhões de euros foram retirados dos bancos ao longo dos últimos três dias, desde que as negociações entre Atenas e credores emperraram no fim de semana passado.
"30 de junho é o dia em que o montante devido ao FMI tem que ser quitado. E não há período de carência ou um atraso de dois meses, como já reportado aqui e ali", disse a diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, antes da reunião em Luxemburgo.
"Se não estiver pago em 1º de julho, então não está pago", garantiu. "A Grécia estará em débito com o FMI, mas espero que não seja o caso, realmente."
Jornal alemão crava extensão do resgate financeiro
Segundo artigo do jornal alemão Die Zeit, baseado em informações exclusivas, os credores da Grécia pretendem oferecer uma extensão do programa de resgate financeiro existente até o fim deste ano. Contudo, a medida não teria a participação do FMI.
Sem citar fontes, o jornal disse que os restantes dez bilhões de euros destinados à recapitalização dos bancos gregos devem ser utilizados para liquidar as pendências de Atenas com o Banco Central Europeu (BCE) e o FMI.
Um porta-voz do governo alemão disse que não poderia comentar o conteúdo do artigo. O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, não estava disponível para emitir um comentário.
PV/afp/ap/rtr/dpa