Rostos da cidade
O artista de rua francês JR captou em fotografias os rostos da geração mais idosa de Berlim. Seu projeto "The Wrinkles of the City" (As rugas da cidade) está em exibição na capital alemã.
A cidade como tela
Há 13 anos as ruas e fachadas de cidades ao redor do mundo servem como tela de pintura para o artista francês JR. Ele toma fotografias originais e de arquivo, de gente relegada e esquecida, amplia as imagens e as cola na paisagem urbana. Um de seus projetos fotográficos está em exposição até 25 de maio na Galeria Henrik Springmann, em Berlim.
As rugas da cidade
O projeto "The Wrinkles of the City" (As rugas da cidade) é dedicado aos rostos dos idosos. "Isso eu só posso fazer em lugares com uma história forte, onde as paredes falam pela cidade”, disse JR à DW. "Está realmente ligado à arquitetura, e Berlim é perfeita para isso, em especial com a parte oriental e a ocidental, bem como a reconstrução da cidade". Na foto, um mural na Prenzlauer Allee.
Encontrar rostos, escutar histórias
JR, que não revela seu verdadeiro nome. procura seus modelos em parques e asilos ou os encontra através de amigos e instituições – seus métodos geralmente refletem a forma com os idosos vivem nas diferentes culturas. Ele entrevista cada um, antes de fotografar. O artista de 30 anos acredita que "para as pessoas mais idosas, é importante transmitir suas histórias para a próxima geração".
Lado humano da cidade
Em cada cidade, JR busca os edifícios envelhecidos perfeitos para receber os retratos em suas ásperas superfícies. "Eu recorto cada janela, cada detalhe, para que as rugas das pessoas penetrem nas rugas da cidade." Espiando a partir dos telhados e paredes, esses rostos inesperados confrontam os moradores com um toque de humanidade. Como aqui, próximo à Warschauer Strasse.
Olhar no espelho
Os idosos fotografados reagem de formas diversas à experiência de ver seus rostos nos prédios, diz JR. "Los Angeles por exemplo, por si só, já é uma cidade cheia de imagens, mas em Cuba, eles nunca tinham visto retratos que não fossem de Fidel ou de Che pela cidade, e lá não há publicidade. Então, para eles, é bem estranho se ver nas paredes!"
Surpreendente virada na vida
Quando tinha 16 anos, JR abandonou a escola e se mudou para Paris, a fim de morar com os primos. Ele passava as noites fazendo grafites nas paredes de túneis e ferrovias, e encontrou uma câmera no metrô. Assim, começou a fotografar. Hoje, ele tem estúdios em Nova York e Paris, e suas obras chegam a ser vendidas por até 50 mil euros.
Arte ou vandalismo?
Hoje em dia, as criações de JR são adquiridas por colecionadores e expostas em museus e galerias de arte. Ainda assim, muito do que ele faz ainda é considerado vandalismo. "O mesmo ato, a mesma forma de trabalhar em paredes, pode ser visto como um crime em alguns países e como uma obra de arte em outros”, reflete o francês. A peça na foto é parte de seu projeto de 2010, em Xangai.
A maior de todas as galerias
Em 2011, JR recebeu o Prêmio TED para "ideias que merecem ser disseminadas". Filmes sobre o seu trabalho foram exibidos nos festivais de Cannes e Tribeca. Ele segue vagando pelo mundo, fazendo arte sobre e para o povo, e reconhece que sua obra é especial: "Quando você expõe na rua, essa é a maior das galerias!". Na imagem, uma favela carioca decorada por JR no projeto "Mulheres são heróis".