Rússia ameaça romper relações bilaterais com os EUA
13 de agosto de 2022A Rússia alertou neste sábado (13/08) que qualquer apreensão de ativos russos pelos Estados Unidos destruiria completamente as relações bilaterais entre Moscou e Washington.
A ameaça foi feita pelo chefe do Departamento Norte-Americano do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Alexander Darchiev, citado pela agência de notícias russa TASS.
As relações entre Moscou e o Ocidente se deterioraram drasticamente desde que o presidente Vladimir Putin enviou dezenas de milhares de tropas para a Ucrânia em 24 de fevereiro, numa guerra de agressão que chamou de "operação militar especial".
Potências ocidentais responderam com sanções econômicas, financeiras e diplomáticas sem precedentes, incluindo o congelamento de cerca de metade das reservas de ouro e divisas da Rússia, que estavam perto de 640 bilhões de dólares antes de 24 de fevereiro.
Altas autoridades do Ocidente, incluindo o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, sugeriram apreender as reservas congeladas para ajudar a financiar a futura reconstrução da Ucrânia.
"Alertamos os americanos das consequências prejudiciais de tais ações, que prejudicariam permanentemente as relações bilaterais, o que não é do interesse deles nem do nosso", afirmou Darchiev em entrevista à TASS.
Não ficou imediatamente claro a quais ativos ele estava se referindo.
Os Estados Unidos e seus aliados europeus também congelaram 30 bilhões de dólares em ativos pertencentes a indivíduos ricos que têm laços com o presidente russo, incluindo iates, helicópteros, imóveis e obras de arte, segundo informações do governo de Joe Biden.
Em julho, um promotor americano afirmou que o Departamento de Justiça dos EUA estava buscando uma autoridade mais ampla do Congresso para confiscar os bens dos oligarcas russos como meio de pressionar Moscou sobre suas ações na Ucrânia.
Estado patrocinador do terrorismo
À TASS, Darchiev também afirmou que Moscou já advertiu os Estados Unidos de que os laços diplomáticos seriam muito danificados e poderiam até mesmo ser rompidos se a Rússia for declarada um "Estado patrocinador do terrorismo".
O governo Biden tem estado sob pressão para incluir Moscou nessa lista de países, da qual já fazem parte nações como Cuba, Irã, Síria e Coreia do Norte.
Tanto a Câmara quanto o Senado americano introduziram resoluções pedindo que o secretário de Estado, Antony Blinken, faça tal declaração. No mês passado, dois senadores dos EUA viajaram a Kiev para discutir a iniciativa com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski.
"Se aprovado, isso significaria que Washington teria atravessado um ponto de não retorno, com os mais graves danos colaterais às relações diplomáticas bilaterais, desde sua redução ou até mesmo a ruptura das mesmas. Os americanos foram advertidos", disse o russo.
Na última quinta-feira, o parlamento da Letônia declarou a Rússia como Estado patrocinador do terrorismo devido à guerra na Ucrânia, e fez um apelo aos aliados ocidentais para que imponham sanções mais abrangentes contra Moscou.
ek (Reuters, AFP, ots)