Rússia desafia sanções e anexação da Crimeia avança
18 de março de 2014O presidente da Rússia, Vladimir Putin, deu nesta terça-feira (18/03) os primeiros passos para a integração da península da Crimeia à Rússia, desafiando os protestos vindos do novo governo da Ucrânia e as sanções impostas pelo Ocidente.
Putin informou oficialmente o Parlamento sobre o pedido de anexação da Crimeia, que oficialmente ainda é parte do território da Ucrânia, à Rússia.
Ele também assinou uma ordem para "aprovar o projeto do tratado entre a Federação Russa e a República da Crimeia, adotando assim a República da Crimeia como parte da Federação Russa". O documento diz que Putin "considera conveniente" que o Parlamento aprove a anexação.
O presidente vai se pronunciar perante as duas casas do Parlamento ainda nesta terça-feira. "O presidente manifestará sua posição sobre o pedido da Crimeia de se tornar parte da Rússia em concordância com o resultado do referendo", afirmou Serguei Naryshkin, o porta-voz da Duma, a câmara baixa do Parlamento russo. Ele disse ainda que o Parlamento irá tratar do tema com "rapidez e responsabilidade".
Na noite desta segunda-feira, Putin reconheceu a independência da península no Mar Negro. O reconhecimento foi visto como o primeiro passo para a anexação da Crimeia.
A tomada da Crimeia por forças pró-Russia, logo após a queda do presidente ucraniano Viktor Yanukovytch no mês passado, foi condenada por diversos países. Os Estados Unidos e a Europa impuseram nesta segunda-feira as primeiras sanções a autoridades do governo russo, bem como a líderes separatistas da Crimeia e ao próprio Yanukovytch.
"Estamos juntos"
As ações de Putin ocorrem logo após um contestado referendo na Crimeia, realizado no último domingo, ter como resultado oficial que quase 97% dos cidadãos da península são a favor da anexação à Rússia.
A legitimidade do referendo foi reconhecida apenas pela Rússia, sendo rechaçada por diversos líderes internacionais.
Com enorme apoio interno à integração da península, dezenas de milhares de pessoas deverão participar de uma manifestação no centro de Moscou com o slogan "Estamos juntos", logo após o pronunciamento do presidente no Parlamento.
As fortes ligações da Crimeia com a Rússia já vêm de longa data. Bases da marinha russa estão instaladas na península desde o século 18. A região se tornou parte da Ucrânia em 1954, por decisão do líder soviético Nikita Kruschev.
RC/rtr/afp