Rússia dificulta importações de alimentos turcos
26 de novembro de 2015A Rússia anunciou nesta quinta-feira (26/11) controles mais rígidos nas importações de alimentos turcos, citando violações frequentes das normas de segurança nos últimos meses. Além disso, o Kremlin afirmou que poderá adquirir produtos agrícolas de outros países.
"Cerca de 15% da produção agrícola turca está com níveis de pesticida, nitratos e nitritos consideravelmente acima dos limites de segurança", disse o ministro da Agricultura da Rússia, Alexander Tkachev.
"Tendo em conta as repetidas violações das normas russas por parte dos produtores turcos, o governo [russo], através da agência de segurança alimentar, reforçará o controle sobre o fornecimento de produtos agrícolas e alimentos provenientes da Turquia", adiantou o ministro.
Nos últimos dez meses, a Rússia importou produtos e alimentos turcos no valor de mais de 1 bilhão de dólares. A Turquia representa aproximadamente 20% da importação russa de vegetais.
Moscou ameaçou com a compra de produtos de outros países, como Irã, Israel e Uzbequistão. O governo russo afirmou também que poderá redirecionar as suas exportações turcas, incluindo trigo e petróleo, para países do Oriente Médio e da África, caso as relações com Ancara se deteriorem.
Retaliações
Além disso, o primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, ordenou a elaboração de medidas retaliatórias que incluem o congelamento de alguns projetos comuns de investimento com a Ancara em resposta ao abatimento de um caça russo próximo da fronteira entre Turquia e Síria.
"O governo foi instruído para definir um sistema de medidas de resposta a esse ato de agressão nas esferas econômica e humanitária", disse Medvedev, na abertura de uma sessão do Executivo transmitida pela televisão. "Proponho que isso seja feito num período de dois dias, para que possamos avançar à aplicação dos procedimentos adequados o mais rapidamente possível", concluiu.
As medidas de retaliação podem incluir a suspensão de projetos econômicos conjuntos, restrições às transações financeiras e comerciais e alterações nos direitos aduaneiros, afirmou. Os setores de turismo e transportes também serão visados, assim como o mercado de trabalho e "contatos humanitários".
Erdogan: "Reação emocional"
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, classificou o anúncio da Rússia de emocional e disse que essa postura não condiz com a atitude de políticos. "Somos parceiros estratégicos. Tais abordagens estão de acordo com a de políticos?", indagou Erdogan.
"Primeiro os políticos e nossas Forças Armadas devem se reunir e dialogar sobre que erros foram cometidos. Em seguida, devem se concentrar em superar esses erros em ambos os lados. Mas, em vez disso, se fizermos demonstrações emocionais como essa, isso não seria correto", disse o presidente turco.
PV/lusa/afp/rtr