Cúpula UE-Rússia
27 de junho de 2008Em seu 21° encontro de cúpula, realizado nesta sexta-feira (27/06) na cidade siberiana de Khanti-Mansisk, Rússia e União Européia iniciaram as conversações sobre o novo acordo de parceria e cooperação que deverá substituir o tratado assinado em 1997.
Este é o primeiro encontro de cúpula UE-Rússia em que participou o sucessor de Vladimir Putin na presidência russa. Depois dos EUA e da China, a Rússia é o maior parceiro econômico dos 27 países-membros da UE.
"Queremos dar um novo impulso ao nosso relacionamento", afirmou o presidente russo Dimitri Medvedev, na cidade petrolífera de Khanti-Mansisk, onde também estavam presentes o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, e o presidente rotativo da UE e chefe de governo esloveno, Janez Jansa.
Segurança, economia e cultura
Para o novo acordo de parceria e cooperação, estão planejadas várias conversações sobre assuntos da economia e comércio. Pelo lado russo, a relevância fica por conta de temas como o acesso ao mercado europeu, a não-exigência de vistos de entrada para seus cidadãos e um maior intercâmbio científico e acadêmico. Um fornecimento energético seguro por parte do parceiro do leste é uma das principais questões da União Européia.
Os países-membros da UE cobrem 44% da demanda de gás natural e 27% do consumo de petróleo com importações da Rússia. Por sua vez, a Federação Russa espera amortizar rapidamente os investimentos que fez em infra-estrutura – com o dinheiro europeu. Além disso, a Rússia espera abrir caminho para investir no mercado europeu seu intenso acúmulo de capital dos últimos anos.
No entanto, Alexander Rahr, especialista em Rússia da Sociedade Alemã de Política Internacional (DGAP), declarou à Deutsche Welle que a hierarquia dos interesses russos na Europa não começa com a economia. Primeiramente, viriam os interesses de segurança, depois os econômicos e, então, os culturais.
"Esta seqüência: segurança, economia e cultura. É importante para a Rússia participar decisivamente da formação da futura arquitetura de segurança da Europa do século 21", declarou Rahr. Desta forma, co-determinar o conceito militar da Otan é mais importante para Moscou do que uma filiação à UE.
"Tendência muito alarmante"
Devido ao bloqueio da Polônia e da Lituânia por questões energéticas e de comércio, as negociações com a Rússia foram motivo de brigas dentro da UE durante um ano e meio. Os países do Leste Europeu, dominados anteriormente pela antiga União Soviética, são bastante reticentes a uma aproximação com a Rússia. O início das atuais negociações para um novo acordo só se tornou possível porque a Polônia e a Lituânia levantaram seu veto em maio último.
Medvedev reclamou que existiria uma "tendência muito alarmante" de alguns países a se aproveitar da solidariedade da UE para impor interesses próprios. No encontro na Sibéria, o tom do novo presidente russo foi, contudo, mais moderado do que o de Vladimir Putin.
Ele fez questão de enfatizar, todavia, que a Rússia mantém sua posição sobre questões centrais, reiterando a crítica de seu país aos planos da Otan e dos EUA de instalarem um sistema de escudo antimísseis na Europa Oriental.