Rússia na OMC
16 de dezembro de 2011A Rússia se tornou membro da Organização Mundial do Comércio (OMC) nesta sexta-feira (16/12), após 18 anos de negociações. A admissão do país, que era a maior economia fora dos 153 membros do grupo, é vista como o mais importante passo para a liberalização do comércio ocidental desde a entrada da China na organização há dez anos.
"Esse resultado de longas e complexas conversas é bom tanto para a Rússia quanto para nossos futuros parceiros", declarou o presidente russo, Dmitri Medvedev. "Para nós, o encerramento das negociações não é o fim, mas o começo", completou a ministra russa da Economia, Elvira Nabiullina.
As altas tarifas de importação e subvenções agrícolas agiram por muito tempo como obstáculos para a aprovação da Rússia à organização. Além disso, houve muita resistência por parte de membros da própria OMC, como a Geórgia, que se sentem pressionados pela potência atômica.
O secretário-geral da organização, Pascal Lamy, apontou o momento como definitivo para a Rússia. "A adesão à OMC consolidará a integração da Federação Russa à economia mundial e trará mais segurança para empresários e parceiros comerciais", afirmou em Genebra. Com a Rússia no grupo, a OMC representa agora 97% do comércio mundial, segundo Lamy.
Vantagens para investidores e empresários
Apesar da corrupção, incerteza legal e arbitrariedade dos burocratas, investidores ocidentais estão de olho no mercado russo, com seus mais de 140 milhões de habitantes. "Acreditamos que a entrada da Rússia na OMC promova a livre e justa concorrência e a cooperação internacional", diz Frank Schauff, chefe da Associação de Empresas Europeias em Moscou.
Há ainda esperanças sobre o estabelecimento de uma área de livre comércio entre a Rússia e seu maior parceiro comercial, a União Europeia. Espera-se também acabar com a necessidade de visto para trânsito entre o país e o bloco.
Do ponto de vista das empresas, os russos podem comemorar uma maior variedade de produtos acessíveis, por conta da redução de impostos de importação. Segundo o analista, atualmente, paga-se de 30% a 40% a mais por mercadorias importadas na Rússia do que no Ocidente.
Pela primeira vez, produtores locais seriam obrigados a aumentar a própria competitividade, apontou o The New York Times. O setor bancário seria outro a sentir a pressão da concorrência internacional. Em muitos ramos da economia, especialistas preveem demissões em massa nas empresas que ainda funcionam como nos tempos do regime comunista.
Abertura para o Ocidente
Para acabar com o protecionismo na Rússia, foi acertado um longo período de transição. De acordo com a OMC, o país também deverá promover avanços em relação aos direitos autorais e privatizações. Como vantagem, os russos veem a possibilidade de exportar mais aço.
Com a admissão russa na organização, o Banco Mundial espera um crescimento de 3,3% no Produto Interno Bruto (PIB) do país nos próximos anos. Segundo a ministra Nabiullina, a entrada na OMC também estimulará a cooperação com o chamado BRICS – que, além da Rússia, inclui os emergentes Brasil, Índia, China e África do Sul.
A Rússia também deverá ter mais acesso à tecnologia de ponta ocidental, possibilitando levar adiante a modernização prometida por Medvedev. O país já reduziu drasticamente tarifas de importação para materiais de construção, máquinas agrícolas e produtos tecnológicos, de acordo com Maxim Medvedkov, chefe das negociações com a OMC.
A Rússia foi admitida ao clube sob condições favoráveis, comentou o jornal econômico Wedomosti, de Moscou, que prevê que o governo continuará a regular os preços e que o conglomerado energético Gazprom poderá continuar mantendo seu monopólio sobre o gás. A admissão da Rússia na OMC, entretanto, só entrará em vigor após a sua ratificação. O parlamento russo deverá completá-la até meados de 2012. Segundo Medvedev, a etapa deve ser finalizada no prazo de 220 dias.
LPF/dpa/rtr
Revisão: Roselaine Wandscheer