Sátira e deboche no Carnaval alemão
De Merkel a Trump e Kim Jong-un. Nos principais desfiles de Carnaval da Alemanha, em Colônia, Mainz e Düsseldorf, carros alegóricos miram política alemã e internacional com críticas afiadas.
Viúva-negra
É claro que as sátiras do Carnaval alemão não poderiam poupar a chanceler federal Angela Merkel. No desfile de Düsseldorf, ela foi retratada como uma aranha viúva-negra junto aos crânios daqueles que alguns veem como suas vítimas políticas, entre eles o do presidente Frank-Walter Steinmeier e o do ministro do Exterior Sigmar Gabriel.
A última de sua espécie
No Carnaval de Mainz, Merkel, conhecida como a "eterna chanceler", foi representada por uma tartaruga, com as patas fazendo o famoso gesto da líder. Muitos alemães deram sinal de enfado diante da demora de Merkel para formar um novo governo. Mais de quatro meses depois das eleições legislativas, conservadores e social-democratas estão finalmente perto de uma coalizão.
Adeus, Schulz!
O social-democrata Martin Schulz apareceu em Mainz na ponta de um explosivo, segurando uma bandeira com os dizeres "chanceler 2017". Após ser eleito líder do SPD com 100% dos votos dos filiados há um ano, ele viu a legenda alcançar seu pior resultados desde o pós-guerra nas urnas e suas esperanças de ser chanceler se esvaírem. Em seu último ato, Schulz abriu mão da liderança social-democrata.
No comando da UE
No Carnaval de Mainz, o presidente francês, Emmanuel Macron, indica a direção de dentro de um carro com a bandeira da União Europeia. Aos poucos, o líder da França vem assumindo um papel de liderança no bloco, também devido ao impasse político vivido pela Alemanha, que, mais de quatro meses após as últimas eleições, ainda não tem um governo.
Dirty Dancing
No maior Carnaval de rua da Alemanha, em Colônia, um carro alegórico foi dedicado ao líder norte-coreano, Kim Jong-un. Ele aparece vestindo roupas semelhantes às que Patrick Swayze usou no clássico "Dirty Dancing". Só que sua parceira de dança é um míssil nuclear.
Desconforto para Trump
Os carnavalescos de Düsseldorf não pegaram nada leve com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Um urso representando a suposta interferência da Rússia na campanha presidencial americana de 2016 monta sobre o presidente, transmitindo a mensagem de que o caso pode realmente fazer com que Trump tenha que se ajoelhar.
Um bebê do Brexit
A primeira-ministra britânica, Theresa May, segura uma criatura desforme presa a um cordão umbilical com a palavra Brexit, em referência à saída do Reino Unido da União Europeia, alvo de longas negociações entre ambas as partes. Muitos na Alemanha desaprovam a decisão britânica de deixar o bloco.
Amigos autocratas?
Jaroslaw Kaczynski, ex-primeiro-ministro da Polônia e presidente do partido Lei e Justiça (PiS), que segura uma foice com a palavra "ditaduras", é retratado em Düsseldorf ao lado do primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, com um martelo com as palavras "direitos". Com Polônia e Hungria à frente, países do Leste Europeu vêm fazendo contraponto aos valores liberais do lado ocidental da UE.
Crítica à UE
A política migratória da União Europeia (UE) também foi alvo de críticas em Düsseldorf. O migrante negro aparece preso com correntes duas bolas de ferro, com as palavras: "Escravidão na Líbia; patrocinada pela UE."
Escândalo de emissões
As manipulações de dados de emissões de veículos da Volkswagen também foram tema em Düsseldorf. O escândalo manchou a imagem da montadora, com a revelação de que a empresa teria burlado testes de emissão em 11 milhões de veículos mundo afora. Recentemente, veio a tona que a empresa esteve por trás de testes de emissões envolvendo macacos e humanos.