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Salário mínimo na Venezuela desvaloriza a valor recorde

20 de agosto de 2019

Salário mínimo mensal no país equivale a menos de 12 reais. Desvalorização marca um ano de plano de recuperação econômica desenvolvido pelo governo de Maduro para enfrentar crise e hiperinflação.

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Notas de bolívares soberanos
Pela cotação oficial, dólar é negociado a 14.843,54 bolívares soberanosFoto: Getty Images/AFP/I. Valencia

Exatamente um ano depois do lançamento do plano de recuperação econômica proposto pelo governo de Nicolás Maduro para enfrentar a crise e a hiperinflação, o salário mínimo da Venezuela chegou ao valor mais baixo da história nesta terça-feira (20/08) e equivale a 2,76 dólares, cerca de 11,15 reais, segundo a cotação cambial oficial.

Nesta terça-feira, o dólar foi negociado a 14.843,54 bolívares soberanos pelo câmbio oficial estabelecido pelo Banco Central do país. A desvalorização em relação à moeda americana tem aumentado constantemente desde o início do ano.

Com os 40.000 bolívares de salário mensal equivalendo a menos de 3 dólares, os venezuelanos estão abaixo da linha da pobreza estabelecida pela ONU, segundo a qual quem recebe menos de 1,90 dólar por dia vive em situação de extrema pobreza.

Em agosto do ano passado, quando deu início ao plano de recuperação econômica do país, Maduro estabeleceu que o salário mínimo seria fixado em 30 dólares. Houve, no entanto, uma perda de 90,80% no poder de compra desde então, apesar de quatro reajustes realizados pelo governo nos últimos 12 meses.

Com o atual salário mínimo, os venezuelanos conseguem comprar apenas 30 ovos. A realidade, porém, não é muito diferente da registrada no país há um ano, quando Maduro iniciou a reconversão monetária para cortar cinco zeros do bolívar.

Apesar do agravamento da crise, o chavismo não deu sinais de novos reajustes salariais nos próximos meses e sequer fala sobre o chamado "plano de recuperação e prosperidade econômica" que, entre outros objetivos, também previa combater a escassez de dinheiro em espécie no mercado.

As notas de menor valor, porém, já pararam de circular. Com a hiperinflação vivida no país, que chegou a 1.579,2% desde o início do ano, os venezuelanos já não conseguem fazer compras com as notas de 2, 5, 10, 20 e 50 bolívares soberanos. O valor delas é quase tão nulo quanto a das que saíram de circulação no ano passado.  O Banco Central da Venezuela anunciou em junho a criação de três novas notas: 10.000, 20.000 e 50.000 bolívares, equivalentes a US$ 0,69, US$ 1,38 e US$ 3,45, respectivamente.

O plano de recuperação também incluía uma modificação do sistema de compra e venda de divisas no país. No entanto, o novo mecanismo falhou em combater o mercado paralelo de negociação de dólares na Venezuela. O controle de preços, estratégia reciclada pelo governo em várias ocasiões, fazia ainda parte do programa, mas a medida durou apenas algumas semanas. Maduro chegou a anunciar um aumento dos preços da gasolina, o que nunca ocorreu.

Um estudo divulgado nesta terça-feira revelou ainda que 80% das empresas venezuelanas interromperam ou reduziram sua produção no segundo trimestre deste ano. De acordo com o presidente da Confederação das Indústrias da Venezuela, Adán Celis, esses dados são alarmantes.

O setor sofreu duros impactos neste ano com os constantes apagões e a escassez de combustível, o que levou as indústrias a operarem atualmente com 19% de sua capacidade instalada. Além da redução na produção, houve no segundo trimestre de 2019 uma queda de 76% no emprego em pequenas e médias empresas.

Os problemas no setor privado se agravaram após sanções impostas pelos Estados Unidos em abril que proibiram a negociação do petróleo venezuelano no sistema financeiro americano. Washington vem impondo uma série de punições ao país para pressionar Maduro a deixar o poder.

CN/efe/afp

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