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Briga contra Irã

1 de dezembro de 2011

Diversos setores da economia iraniana já sentem os efeitos das sanções ocidentais, que devem ficar cada vez mais duras diante da crescente tensão entre o Irã e o Ocidente.

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Indústria petroquímica no Irã: sanções provocam perdasFoto: Dolat.ir

O governo em Teerã demonstra tranquilidade e tenta minimizar os efeitos das sanções ocidentais contra o Irã, mas o fato é que cada vez mais setores da economia e da sociedade iranianas são afetadas direta ou indiretamente pelas medidas.

A indústria petroquímica, de petróleo e de gás, maiores exportadoras iranianas, sofrem gradativamente. Segundo informações das autoridades norte-americanas, apenas 16 companhias estrangeiras estavam atuando nesses setores no Irã no fim de maio. Em 2010, esse número era de 43.

A saída em massa de investidores estrangeiros dificulta a modernização das instalações de exploração de petróleo e compromete a competitividade do país. Além disso, principalmente a França defende a suspensão das importações de petróleo do Irã pelos países europeus. Estima-se que os franceses importem 43 mil barris de petróleo diariamente do país.

As medidas visam pressionar o governo de Mahmoud Ahmadinejad a desistir de seu polêmico programa nuclear. As nações ocidentais acreditam que o Irã esteja trabalhando secretamente no desenvolvimento da bomba atômica.

Petrochemie Iran
Cadeia de indústria do petróleo é a principal exportadora do paísFoto: SHANA

Problema de produção

Não são apenas grandes empresas que sentem os efeitos das sanções. Pequenas e médias companhias reclamam da falta de matéria-prima, principalmente dos chamados bens de dupla utilização, que podem ser usados tanto na área civil como militar.

Um exemplo é a empresa de médio porte iraniana Hatef, que importa produtos químicos e instrumentos de laboratório. "Parceiros do Canadá, dos Estados Unidos e do Reino Unido nem sequer respondem mais às nossas solicitações por email", declarou um diretor da empresa à Deutsche Welle. Cada vez mais empresas são forçadas a buscar outros caminhos para obter as mercadorias – e por um valor consideravelmente mais alto devido à atuação de intermediários.

Além disso, também por causa das sanções, os bancos estão cada vez mais isolados internacionalmente – eles conseguem financiar cada vez menos negócios de exportação e importação. Para muitas empresas não resta outra alternativa a não ser pagar adiantado e à vista pelos produtos. No entanto, isso requer liquidez, de que muitas pequenas e médias empresas não dispõem.

A produção sofre com essa situação, aponta o porta-voz da Hanef. Em meio a esse panorama, cada vez mais empresas de médio porte se veem forçadas a reduzir drasticamente a produção. Consequentemente, milhares de trabalhadores são demitidos ou obrigados a tirar férias.

Acúmulo de capital

A falta de confiança na própria moeda, em parte por causa da crise financeira e bancária do país, leva os cidadãos a investir suas economias em dólar, em ouro ou em outros metais na tentativa de se preparar melhor contra os efeitos das sanções. Com a demanda maior que a oferta, os preços do dólar e do euro chegaram a níveis recordes.

Um caminho para chegar ao cobiçado dólar é a obtenção de um visto internacional: quem tem um documento como esse pode trocar dinheiro em condições mais favoráveis. Em consequência, o número de pedidos de visto é maior do que o número de viagens internacionais – depois de conseguirem a autorização para uma viagem externa, muitos compram a moeda para vendê-la no mercado negro por um valor mais elevado. E a viagem para fora do país nunca acontece.

Futuro incerto

Especialistas ainda debatem se a economia do país irá sucumbir às duras punições impostas. Pedram Soltani, vice-diretor da Câmara de Comércio e Indústria iraniana, afirma que a situação ficará realmente crítica caso parceiros comerciais como a China, os Emirados Árabes Unidos e a Índia também adotarem sanções.

Autor: Sharam Ahadi (np)
Revisão: Alexandre Schossler