Sarkozy será julgado por financiamento de campanha
7 de fevereiro de 2017O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy será julgado sob acusação de financiamento ilegal de sua campanha à reeleição em 2012, afirmou a procuradoria de Paris nesta terça-feira (07/02). A notícia é mais um duro golpe para o partido conservador Os Republicanos.
As autoridades alegam que Sarkozy gastou quase o dobro do limite legal de 22,5 milhões de euros em sua campanha, usando notas fiscais falsas de uma empresa de relações públicas chamada Bygmalion. O advogado do ex-presidente, Thierry Herzog, anunciou que vai recorrer da decisão.
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O advogado considerou "fantasioso" o valor de 42,8 milhões de euros que a acusação considera que custou a campanha de Sarkozy e que teria sido ocultado das autoridades por meio de uma rede de faturas falsas.
A Bygmalion teria cobrado eventos no valor de 15,2 milhões de euros do partido de direita de Sarkozy – que na época se chamava UMP e foi rebatizado de Os Republicanos – em vez de encaminhar a fatura à campanha de presidente.
O caso veio à tona em 2014, mas investigadores ainda precisam determinar quem ordenou a fraude. Sarkozy disse no ano passado não saber nada sobre a fatura, responsabilizando a Bygmalion e o UMP por eventuais irregularidades.
Além do ex-presidente, outras 13 pessoas encarregadas da campanha do político serão julgadas por acusações que vão de fraude a financiamento ilegal de campanha. Entre eles estão a gerência da Bygmalion e o vice-gestor da campanha de Sarkozy.
Prisão e multa
Se condenado, o ex-presidente, de 62 anos, pode receber uma pena de até um ano na prisão e ser multado em 3.750 euros. O político é alvo de uma série de outros processos judiciais, sob acusações de corrupção e tráfico de influência, entre outras.
Somente um presidente, Jacques Chirac, foi julgado na história da Quinta República Francesa, fundada em 1958. Em 2011, ele foi condenado a uma pena de prisão suspensa de dois anos devido a um escândalo de empregos falsos.
A decisão judicial sobre o julgamento de Sarkozy foi anunciada num momento em que o candidato republicano à eleição presidencial deste ano, François Fillon, é o centro de um escândalo de corrupção. O caso envolve empregos fantasmas para a mulher e dois filhos do político, contratados como seus assistentes quando era deputado.
Após ser derrotado na eleição de 2012 por François Hollande, Sarkozy assumiu a liderança do partido Os Republicanos e, no ano passado, disputou as primárias da legenda com Fillon e Allain Juppé. Em novembro, ele foi derrotado já no primeiro turno e anunciou sua retirada definitiva da vida política.
LPF/afp/efe/ap