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Schröder não quer neocomunistas no governo de Berlim

Estelina Farias

Governo interino berlinense social-democrata e verde não conseguiu maioria na eleição de domingo.

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Prefeito reeleito de Berlim, Klaus Wowereit (e), e o secretário-geral do SPD, Franz Müntefering (d)Foto: AP

O chanceler federal da Alemanha e presidente do Partido Social Democrático (SPD), Gerhard Schröder, pronunciou-se, indiretamente, a favor de uma coalizão de governo em Berlim entre a sua agremiação e os partidos liberal e verde. Com isso, o chefe do governo federal manifestou-se contra uma coligação para a prefeitura da capital com o Partido do Socialismo Democrático (PDS), neocomunista, o único que vem crescendo em Berlim, ininterruptamente, desde a reunificação da cidade e da Alemanha, em 1990.

Schröder deixou, todavia, a formação do novo governo berlinense por conta da cúpula social-democrata local. Com a eleição de ontem, o seu partido SPD voltou a ser a maior força política em Berlim depois de 30 anos, mas a coalizão, formada em junho passado com o Partido Verde, não conseguiu maioria para continuar governando.

Prefeito reeleito

Antes do pronunciamento do presidente do seu partido, o grande vitorioso do pleito de ontem, o prefeito interino, Klaus Wowereit, tinha anunciado que vai decidir agora com que partidos o seu governo vai poder realizar o máximo de programas possíveis. Nisso ele incluiu o PDS, sucessor do Partido Comunista da ex-República Democrática Alemã. Wowereit, homossexual assumido, excluiu, por outro lado, uma reedição da grande coalizão liderada pela União Democrata-Cristã (CDU) que teve de renunciar há quatro meses por causa de um escândalo financeiro.

Berlineses divididos

Apoiado pelos quase 23% dos votos dados ao seu partido ontem para o governo de Berlim, o candidato dos neocomunistas à prefeitura, Gregor Gysi, advertiu contra uma grande coalizão. Seria uma decisão de desintegração para a cidade outrora dividida pelo Muro de Berlim, segundo ele. A presidenta do PDS, Petra Pau, também protestou contra uma eventual desconsideração à maioria de votos que o partido ganhou no leste da cidade. Nesta parte que foi comunista até a reunificação da Alemanha 11 anos atrás, o PDS obteve 48% dos votos. No lado que sempre foi capitalista, os neocomunistas tiveram apenas 6,9% dos votos.

Outro interessado no poder da capital alemã, o presidente do Partido Liberal (FDP), Guido Westerwelle, fez advertências contra uma coalizão com os neocomunistas. A presença do PDS no governo berlinense seria devastadora para a imagem da Alemanha no exterior, disse ele. O candidato derrotado dos liberais à prefeitura, o ex-ministro da Economia, Günter Rexrodt, disse que uma grande coalizão, incluindo o seu partido, seria uma constelação complicada, mas melhor do que entre social-democratas e neocomunistas.

Corrupção derrotada

Com uma perda de quase 17% dos votos, em relação ao último pleito em 1999, o grande derrotado na eleição berlinense foi a União Democrata-Cristã (CDU), responsável pelo escândalo financeiro que deu um prejuízo de 4 bilhões de marcos aos cofres públicos e provocou a derrocada, em junho, da coalizão de governo.

O desempenho da CDU despencou de 40,8% para 23,7% dos votos. O PDS cresceu quase 5 pontos para 22,7%, o Partido Verde sofreu uma pequena perda ficando com 9,1% e o Partido Liberal aumentou seu desempenho eleitoral de quase 8% para 9,9%. Considerando que o voto não é obrigatório na Alemanha, a participação eleitoral de 68% foi relativamente grande. (ef)