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Scolari sonha com título e diz que adora árabes

(gh)20 de fevereiro de 2006

Em entrevista à Deutsche Welle, o técnico da seleção portuguesa, o brasileiro Luiz Felipe Scolari, fala sobre os preparativos para a Copa e pede um tratamento de respeito à equipe do Irã.

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Felipão: 'Não há equipe imbatível'Foto: AP

Diante a escalada do conflito entre o mundo árabe e o Ocidente, envolvendo as charges de Maomé, o brasileiro técnico da seleção de Portugal, Luiz Felipe Scolari, pede que o Irã seja tratado na Copa com o mesmo respeito com que serão tratados os outros 31 países participantes.

Portugal estréia no Mundial 2006 em 11 de junho contra Angola, em Colônia, pelo Grupo D. Depois pega o Irã (17/06, em Frankfurt) e o México (21/06, em Gelsenkirchen).

Antes disso, porém, a equipe ainda realiza três amistosos: contra a Arábia Saudita, em 1º de março, em Düsseldorf; contra Cabo Verde, em 28 de maio, em Portugal; e contra Luxemburgo, em 3 de junho, no campo do adversário.

Diante da escassez de ingressos para o Mundial, Scolari disse à Deutsche Welle durante visita ao estádio LTU Arena, em Düsseldorf, que o amistoso contra a Arábia Saudita será uma espécie de "apresentação antecipada", principalmente para os imigrantes portugueses na Alemanha, "mas também para criar um bom ambiente e conquistar simpatizantes alemães para a Copa".

Ele antecipou também que a equipe que disputará o torneio está "80 a 90% definida". O restante depende do que ainda pode acontecer até a convocação, como problemas de contusão ou rescisão de contratos de atletas, explicou.

Portugal melhor do que na Eurocopa 2004

Euro2004 Portugal gegen Griechenland
Figo (e), capitão da seleção portuguesa durante a Eurocopa 2004Foto: AP

Comparando o clima que reina na seleção portuguesa com o ambiente na seleção brasileira que conquistou o pentacampeonato em 2002 sob seu comando, Scolari disse que, em termos de cultura, personalidades e caráter, são situações diferentes, envolvendo dois países diferentes – Brasil e Portugal.

"Mas o ambiente envolvendo a comissão técnica com os atletas, dirigentes e torcedores é praticamente idêntico, quase como uma família, como um grupo muito forte e fechado, com o mesmo objetivo. Se vamos conseguir ou não atingi-lo é outro assunto", ressaltou. E quanto ao objetivo, ele não deixou dúvidas: "Desejo ser campeão mundial".

Scolari acredita que, devido à disputa das Eliminatórias, a atual seleção portuguesa é até melhor do que a que foi vice-campeã da Eurocopa 2004 em casa. O técnico ressaltou a importância de Figo para a equipe. "Ele tem um carisma fantástico, exerce um papel de liderança e, por ser o capitão, é um importante interlocutor no contato com o time", disse.

"Alemanha tem uma grande equipe"

Fußball, WM Qualifikation 2006, Iran gegen Saudi Arabien
Iranianas pela primeira vez num estádio de futebol durante as EliminatóriasFoto: AP

Para Scolari, os favoritos ao título "são sempre os países que têm tradição, que já venceram Copa do Mundo: Brasil, Argentina, Inglaterra, Alemanha, Itália. Depois vêm as outras equipes que também têm um bom futebol e que, às vezes, podem surpreender".

Quanto à equipe anfitriã, poupou comentários. "É uma grande equipe. Não posso falar nada, quem a dirige é o Klinsmann e ele é quem deve responder todas as perguntas sobre a Alemanha", disse apenas.

Scolari acredita que, se Portugal chegar à final, tem condições de derrotar qualquer time, inclusive o Brasil. "Não existe equipe imbatível. Quem pensar que é imbatível, já está derrotado. Não é o caso do Brasil. Se chegarmos à final, já mostramos ser capazes de superar 30 equipes", disse.

Irã deve ser tratado com respeito

Quanto ao Irã, adversário mais polêmico que Portugal enfrentará na primeira fase, Scolari disse que não se deve misturar futebol com política. "O futebol é um esporte que integra, faz com que todas as diferenças sejam deixadas de lado em prol do humanismo e do bom ambiente".

Segundo Scolari, se depender de Portugal, o Irã terá um tratamento igual ou até melhor do que o dispensando aos outros adversários, devido aos contatos que fez no mundo árabe durante os seis anos em que atuou como técnico na Arábia Saudita e Kuweit. "Adoro o pessoal de lá e penso que o Irã deve ser tratado dentro das conotações esportivas e não do aspecto político. O lado desportivo pode levar, no futuro, quem sabe, a uma integração maior até em aspectos políticos e tudo mais".

Ele rejeitou categoricamente a hipótese de afastar o Irã do Mundial. "Ganharam no campo a condição de disputar, merecem disputar e entendo que devem ser tratados com respeito, como serão tratados os outros 31 integrantes da Copa", afirmou.