1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Se as eleições dos EUA fossem na Alemanha...

av20 de outubro de 2004

Um debate em Berlim entre o democrata Michael Blumenthal e o republicano Richard Perle confirmou as simpatias dos alemães: se as eleições fossem aqui, John Kerry seria o futuro presidente dos EUA, com maioria esmagadora.

https://p.dw.com/p/5jfM
Michael Blumenthal em 'My favorite candidate'Foto: Sönke Tollkühn

A febre eleitoral nos Estados Unidos é mais aguda do que nunca. Não apenas já transcorreram os três debates televisivos entre o democrata John Kerry e o republicano George W. Bush, como alguns estados já iniciaram votações antecipadas. Os eleitores da Flórida, Arkansas, Colorado e Texas estréiam este novo procedimento para evitar falhas como as que levaram ao fiasco de 2000, responsável pela discutível vitória de Bush.

A última enquete do jornal New York Times dá por empatados os dois candidatos à presidência. Porém, um debate de TV realizado em Berlim entre Michael Blumenthal, representando os democratas, e Richard Perle, pelos republicanos, teve um claro ganhador. O especial My favorite candidate mostrou que, se o futuro presidente dos Estados Unidos dependesse do voto de mais de 80% dos cidadãos alemães, Kerry estaria em breve galgando a escadaria da Casa Branca.

Europa entre o Oriente Médio e a América

Os dois políticos, convidados pela American Academy de Berlim, concederam entrevistas à DW-WORLD. Michael Blumenthal foi secretário do Tesouro da administração Jimmy Carter. Ele não só qualificou como insuficiente e errônea a política econômica do atual presidente norte-americano, como considera sua política externa um sério perigo para a estabilidade na Europa: Bush destruiu alianças e a credibilidade internacional dos EUA.

Blumenthal lembrou que o caos do Oriente Médio está mais próximo do "Velho Continente" do que da América. Assim é também do interesse de todos, que se alcance uma relativa estabilidade na região: "O passado deve permanecer no passado e precisamos chegar a um acordo quanto ao futuro", acrescentou o democrata.

O "Príncipe da Escuridão"

Richard Perle, ex-assessor de assuntos externos de Bush, é considerado um dos políticos norte-americanos mais controvertidos, tendo sido um eloqüente partidário da guerra no Iraque. Utilizando o mesmo tom de Bush, ele sugeriu que, entre estar do lado das forças do terror ou da democracia, a Alemanha deveria optar por esta última.

"É importantíssimo para o mundo que o Iraque seja um êxito. Um fracasso dos EUA na região – o que é impensável – seria um êxito tão completo para o terrorismo mundial, que não posso imaginar que um país com capacidade de evitá-lo, não o faça", comentou Perle. Nos meios políticos de Washington, ele é conhecido como "Prince of Darkness" (Príncipe da Escuridão).

Questionado sobre os motivos que justifiquem o sacrifício de mais de mil soldados norte-americanos no Iraque, Perle apelou para a história: "Cada vida que se perde é uma tragédia. Para libertar a Europa dos nazistas, ou na operação contra o genocídio no Kosovo e Bósnia, os EUA estiveram dispostos a sacrificar vidas jovens pelas causas em que cremos".

Que vença o melhor?

As regras do debate em Berlim eram quase tão rigorosas quanto as dos duelos televisivos entre os verdadeiros candidatos à presidência dos EUA: limites temporais estritos para as respostas e o pedido ao público de abster-se de aplauso ou manifestações de desagrado. Mas Michael Blumenthal tinha naturalmente um bônus na simpatia alemã por John Kerry.

O democrata refutou a denominação "guerra preventiva", adotada por Bush. Embora se justifique um ataque de dissuasão, caso o perigo seja grande e iminente, o caso do Iraque se fundamentou em erros de informação: "É preciso ser muito cauteloso, e só utilizar a guerra como último recurso". Ele admitiu que, numa situação extrema, John Kerry também se daria o direito de defender o país com todos os meios à sua disposição.

Contudo, Blumenthal prevê que, caso chegue à presidência, o candidato democrata "tentará paralelamente trabalhar por meio de alianças e consultações com os aliados. A diferença entre ambos candidatos é o princípio tantas vezes enunciado por Kerry: o que nos une à Europa é mais do que o que nos separa". Para o ex-secretário do Tesouro não há dúvida: Kerry demonstrou nos debates ser o melhor futuro presidente, e que, dos dois, é o que entende mais tanto de política interna como externa. Cabe aguardar a jogada decisiva, em 2 de novembro.