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Segundo julgamento mundial sobre 11 de setembro

Estelina Farias14 de agosto de 2003

Começou em Hamburgo o segundo julgamento mundial por participação nos atentados de 11 de setembro de 2001, com 3066 mortos nos EUA. O réu é o marroquino Abdelghani Mzoudi.

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Abdelghani Mzoudi morou com o camicase Mohammed Atta e escreveu o seu testamentoFoto: AP

Na abertura do julgamento observado por 50 representantes da imprensa e marcado por fortes medidas de segurança, o ex-estudante da Universidade Técnica de Hamburgo Abdelghani Mzoudi, de 30 anos, silenciou sobre as duras acusações que lhe são impostas. A defesa divulgou uma declaração justificando o silêncio do réu com "a falta de compreensão" que teria sido demonstrada com a pena de 15 anos de prisão para o também marroquino Mounir El Motassadeq, no primeiro julgamento, em fevereiro passado.

Mzoudi colaborou, segundo a Promotoria Pública, com os preparativos dos piores atos terroristas praticados contra os Estados Unidos. Ele teria sido um piloto reserva para os aviões que se chocaram com o World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, em Washington, em cujas explosões morreram 3066 pessoas.

"Guerra Santa"

– Juntamente com os dois pilotos que lançaram os dois aviões contra o World Trade Center - Mohammed Atta e Marwan Alshehii - e outros participantes diretos de 11 de setembro, Mzoudi fundou em meados de 1999, uma célula terrorista em Hamburgo para a "guerra santa" contra os EUA. O grupo se caracterizou por sua conduta antiamericana e antijudaica, conforme destacou o promotor público, Matthias Krauss. Mzoudi foi preso em Hamburgo em outubro de 2002 e seu julgamento não deverá ser encerrado antes de fevereiro de 2004.

Segundo o serviço secreto americano CIA, o réu morou junto com Mohammed Atta e escreveu o testamento do amigo camicase. No primeiro julgamento em nível mundial, em Hamburgo, o réu Motassadeq implicou ainda mais Mzoudi, dizendo que o vira nos campos de treinamento da organização terrorista de Osama Bin Laden, a Al Qaeda, no Afeganistão, no ano 2000. Os atentados de 11 de setembro teriam sido preparados lá até os últimos detalhes. O promotor está convencido de que, como membro da célula terrorista de Hamburgo, Mzoudi participou de tudo até o fim.

Célula terrorista

– O principal fundador e líder da célula terrorista em Hamburgo foi Mohammed Atta. Foi este egípcio de 33 anos pilotou o primeiro avião da American Airlines, que se chocou com a torre norte do World Trade Center. Ele veio para a Alemanha em 1992 e estudou Engenharia Mecânica na exigente Universidade Técnica de Hamburgo.

O avião que se chocou com a torre sul do World Trade Center foi pilotado por Marwan Alshehhi, de 23 anos. Oriundo dos Emirados Árabes, ele chegou em 1996 com uma bolsa de estudo à Alemanha, onde cursou Construção Naval. Conheceu Atta num curso de alemão e visitou os campos da Al Qaeda em 1999.

O libanês Ziad Jarrah, que pilotava o avião da United-Airlines que foi abatido no Estado da Pensilvânia, chegou ä Alemanha em 1996 e matriculou-se numa escola superior de Hamburgo para estudar Engenharia Aeronáutica. Ele também visitou os campos da Al Qaeda em 1999.

O iemenita Ramzi Binalshibh, tido como o chefe da logística do grupo, permaneceu na Alemanha mesmo depois de rejeitado o pedido de asilo político que solicitou em 1995. Ele esteve em 1999 nos campos de treinamento de terroristas no Afeganistão, foi preso em meados de setembro de 2002 no Paquistão e extraditado para os Estados Unidos, mas ainda não foi formalmente acusado.

O marroquino Zakariya Essabar, impedido de participar de 11 de setembro por não ter conseguido visto para viajar aos Estados Unidos com Mohammed Atta, em fevereiro de 2001, vivia na Alemanha desde 1997. Desapareceu pouco antes dos atentados. Contra ele existe um mandado internacional de prisão.

Said Bahaji, filho de mãe alemã e pai marroquino, participou da organização dos piores atos terroristas contra os EUA. Ele morou por algum tempo com Mohhamed Atta e Binalshibh, estudou Engenharia Elétrica em Hamburgo, esteve em 2000 nos campos da Al Qaeda. Desapareceu antes dos atentados e está sendo igualmente procurado.