Sexta-Feira Santa de proibições na Alemanha
30 de março de 2018A Sexta-Feira Santa na Alemanha é silenciosa e cheia de proibições. A proteção da tranquilidade no dia que dá início ao feriado de Páscoa é garantida pela Constituição do país. Durante a principal celebração cristã do ano, qualquer comemoração é considerada tabu.
Durante o dia sagrado, a maior parte das discotecas estará fechada. É proibido dançar em público, segundo a lei alemã. Alguns dispositivos legais determinam que as missas não podem ser perturbadas por barulho.
No estado da Renânia do Norte-Vestfália, a proibição de dança em espaços públicos já é válida desde a véspera. A exceção é para exposições artísticas e visitas ao zoológico, que são permitidas durante a Páscoa.
Em Hamburgo, eventos públicos não são permitidos na Sexta-Feira Santa. Todas as lojas devem ficar fechadas. Eventos esportivos que envolvam música também não têm autorização para serem realizados.
As regras variam entre os estados alemães. Berlim é particularmente descontraída. Quem não gosta das restrições da Páscoa, pode "fugir" para a capital alemã, já que as festas são permitidas depois das 21h. No estado de Hessen, dançar é proibido apenas entre 4h e 12h do Domingo de Páscoa.
A proibição de eventos de dança (Tanzverbot) afeta não apenas as discotecas, mas também restaurantes, clubes, associações, circos, teatros e óperas. Máquinas de jogos tampouco podem entrar em operação na Sexta-Feira Santa. Restaurantes e discotecas que desrespeitem a lei podem ser multados em até mil euros.
Não planeje nenhuma mudança de apartamento ou de casa nesse dia sagrado: na Alemanha, é proibido. Até canais de televisão são afetados pela lei do silêncio. Nem todos os filmes podem ser exibidos. Alguns exemplos são clássicos como A vida de Brian, Heidi, Mary Poppins e Os Caça-Fantasmas. Eles estão numa lista de 756 filmes vetados durante a Páscoa, por não refletirem a gravidade da Sexta-Feira Santa, dia que marca a crucificação de Jesus Cristo.
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos em direitos humanos e sustentabilidade e é mestre em Direitos Humanos.