"Sino de Hitler" tem futuro questionado em vilarejo alemão
8 de junho de 2017Há décadas, os sinos da mais antiga igreja da cidade alemã de Herxheim am Berg, no estado da Renânia-Palatinado, tocam no Natal, na Páscoa e em outras datas importantes. A recente revelação de que um dos sinos traz o nome do ex-ditador Adolf Hitler gerou polêmica.
O sino de bronze, de 80 anos de idade, tem também a inscrição de uma suástica. Abaixo, lê-se: "Tudo pela pátria - Adolf Hitler".
O site da cidade, que tem pouco mais de 700 habitantes, detalha a história da igreja St. Jakob desde a sua fundação em 1014 até a celebração do seu aniversário de mil anos, em 2014. O texto diz que, em agosto de 1934, um professor local ateou fogo na igreja e, em dezembro do mesmo ano, três novos sinos foram colocados na torre.
O "sino de Hitler" era um deles, mas o site não menciona a suástica. Considerando que o sino está instalado atrás de uma pedra espessa no campanário, é provável que os visitantes da cidade não saibam da presença do sino.
Uma antiga organista da igreja, Sigrid Peters, soube apenas recentemente sobre a existência da inscrição no sino e pediu para que ele seja desativado imediatamente. "É inaceitável que um bebê seja batizado e o sino com as palavras 'tudo pela pátria' esteja tocando", afirmou.
Ela ficou perturbada com o fato de vários casais no estado da Renânia-Palatinado virem à igreja para casar e fazer fotos. "Eles não sabem nada sobre o sino", acrescentou.
"Não era um problema antes"
O prefeito de Herxheim am Berg, Ronald Becker, disse à DW que a existência do sino é conhecida pelos moradores do vilarejo e arredores. Segundo ele, "já era amplamente conhecido" entre os residentes locais que há um sino com o nome de Hitler na igreja.
Becker, que está à frente da prefeitura há três anos, foi conciso ao ser questionado se o sino representa ou não um problema. "Não foi um problema antes e não será um problema no futuro também", disse.
De acordo com o prefeito, o sino é uma "relíquia histórica" e é importante entender e respeitar o passado por trás dele. Becker rejeitou sugestões para classificar o sino como um memorial da Segunda Guerra Mundial e instalar uma placa informando os visitantes sobre a presença do "sino de Hitler".
Ele disse não querer que Herxheim am Berg se torne um "local de culto", com simpatizantes da extrema direita visitando a igreja por "motivos errados".
Uma vez que o sino não pertence à igreja, mas ao município de Herxheim am Berg, os políticos terão a decisão final sobre o destino do sino. O prefeito não acha necessário removê-lo.
"Eu tenho o suporte da cidade", disse, acrescentando que os 800 moradores de Herxheim am Berg o apoiam. "Ele está fechado na torre da igreja e assim irá permanecer."