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Snowden diz que chefes da NSA devem pagar por práticas ilegais

Greta Hamann (md)24 de janeiro de 2014

Num bate-papo com internautas, ex-colaborador do serviço secreto defende punição para responsáveis pela espionagem e diz que leis dos EUA impedem que ele retorne e tenha um julgamento justo.

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Foto: picture alliance/AP Photo

"Pergunte a Snowden." A hashtag #asksnowden foi destaque durante toda esta quinta-feira (23/01) no serviço de mensagens curtas Twitter. Pessoas de todo o mundo encaminharam perguntas ao ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA) Edward Snowden, que atualmente está exilado na Rússia.

A primeira questão foi lançada pela internauta @savagejen, do Texas, nos EUA, que se identificou como hacker mommy. "Você acha que a nossa democracia pode se recuperar dos danos que a espionagem da NSA causou às nossas liberdades?" A resposta veio prontamente. "Sim. O que torna o nosso país forte é nosso sistema de valores e não a situação atual de nossas agências ou a redação das nossas leis", afirmou Snowden.

Das centenas de milhares de mensagens que foram enviadas via Twitter, o ex-colaborador da NSA escolheu, no início, principalmente aquelas relativas à política interna dos Estados Unidos e da NSA. Questões que davam a ele oportunidade para críticas a Washington.

As respostas foram relativamente longas. Snowden voltou a falar na "vigilância em massa indiscriminada, na qual governos capturam bilhões e bilhões e bilhões de dados de comunicação de pessoas inocentes todos os dias". Ele argumentou que isso não é feito por ser necessário, mas apenas porque é fácil e barato, devido às novas tecnologias.

Além disso, o delator disse acreditar ser possível restringir a monitorização dos serviços secretos. "Podemos corrigir as leis, restringir o alcance desses serviços e processar os funcionários superiores responsáveis ​​por esses programas ilegais."

Screenshot Twitteraktion Trendsmap Asksnowden EINSCHRÄNKUNG
Perguntas foram enviadas de todo o mundoFoto: trendsmap.com

"Leis atuais não me oferecem proteção"

Quando alguém perguntou sob que circunstâncias ele voltaria aos Estados Unidos, Snowden criticou a atual lei para denunciantes, que impede que ele retorne e receba um julgamento "justo". Ele disse que retornar e receber um julgamento justo seria a melhor solução não só para si, mas também para o governo e para o público, mas as leis atuais não lhe oferecem proteção alguma.

O ex-colaborador dos serviços de espionagem americanos também respondeu a críticas. O internauta @MichaelHargrov1, que se descreve como um "ex-soldado do Exército, um democrata orgulhoso e defensor do presidente Obama", quis saber se Snowden "respeitou a privacidade de seus colegas" quando roubou as senhas pessoais deles. O usuário se referia a uma informação veiculada num artigo da agência de notícias Reuters.

No entanto, a resposta teve apenas duas linhas, tendo sido, de longe, a mais curta de todas. "Com todo o respeito a Mark Hosenball, o repórter da Reuters que publicou isso, a informação é simplesmente falsa. Nunca roubei qualquer senha nem enganei um exército de funcionários."

Perguntas sobre aliens

Além das inúmeras perguntas sérias, havia também brincadeiras. A hashtag #asksnowden foi usada para questionar Snowden sobre Justin Bieber, aliens ou o tempo. Outros queriam saber o que deveriam comer no café da manhã.

As respostas de Snowden foram disponibilizadas na página www.freesnowden.is. Nela, há também pedidos de doações e informações detalhadas sobre o ex-colaborador da NSA e sobre os segredos que ele revelou e que provocaram indignação em todo o mundo.

O endereço é da The Courage Foundation, criada para apoiar jornalistas perseguidos por causa de suas revelações. Snowden é a primeira pessoa apoiada pela fundação, que tem o fundador do Wikileaks Julian Assange entre seus apoiadores.

Ainda no final de 2013, o Parlamento da União Europeia havia discutido se deveria interrogar Snowden através de uma conferência de vídeo. No entanto, a iniciativa de alguns deputados não teve sucesso, porque não houve consenso sobre a forma como o interrogatório poderia ser realizado.