Pleito
2 de dezembro de 2007A Rússia escolheu neste domingo (02/12) um novo Parlamento. Aproximadamente 50% dos 107 milhões de eleitores compareceram às urnas. De acordo com pesquisas de boca de urna, o partido do Kremlin (Rússia Unida), encabeçado pelo atual presidente Vladimir Putin, saiu vitorioso.
Embora onze facções tenham participado do pleito, já era previsível que o partido de Putin conseguiria a maioria das 450 cadeiras do Parlamento (Duma). Os comunistas ficaram em segundo lugar e o restante das cadeiras será dividio entre as diversas pequenas facções que se opõem ao governo.
Compra de votos
A mídia alemã destacou os esforços do partido de Putin em fazer com que os eleitores fossem às urnas, como o uso de alto-falantes nas estações de ônibus, conclamando os eleitores em trânsito a votar, mesmo que não estivessem em sua zona eleitoral.
Empresas de telecomunicação enviaram torpedos a seus clientes com o pedido de comparecimento às urnas. Funcionários de empresas privadas foram pressionados a votar, sob ameaça de demissão.
A possibildiade de votar mais vezes, a proibição do voto secreto e o pagamento aos que votassem pelo partido de Putin são algumas das irregularidades denunciadas.
"Farsa política"
Garry Kasparov, um dos grandes campeões de xadrez de todos os tempos e crítico ferrenho do governo Putin, chamou as eleições no país de "farsa" e denunciou inúmeras irregularidades no pleito.
"Essas eleições lembram os tempos de União Soviética, quando não se tinha mesmo escolha", disse Kasparov, que passou cinco dias detido na última semana, por ter participado de uma manifestação não autorizada pelo governo contra o presidente Putin.
Críticas de Berlim
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, criticou o comportamento do governo russo frente à oposição. Em entrevista à emissora Deutschlandfunk, Merkel lamentou a falta de liberdade de expressão das organizações de defesa dos direitos humanos na Rússia, bem como a ausência de um observador da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) durante o processo eleitoral. A organização, que fiscaliza as principais eleições européias, decidiu não enviar seus observadores à Rússia, em função da "parca cooperação" do governo do país.
Merkel afirmou já ter discutido com o presidente russo, Vladimir Putin, assuntos relacionados à defesa dos direitos humanos e à liberdade de expressão para a oposição. No entanto, salienta a chefe de governo alemã, o debate sobre esses temas está apenas no início.
Boas relações diplomáticas, segundo a premiê, não impedem que o governo de um país faça críticas aos governantes do outro. "Dependemos um do outro, mas isso não significa que não devamos criticar o presidente russo em certas questões frente às quais temos uma outra visão", afirmou Merkel. (sv)