Solidariedade compensa!
5 de setembro de 2003O governo alemão quer conciliar vida profissional e educação infantil. Para provar a viabilidade disso, o Ministério da Família encomendou no início do ano um estudo, segundo o qual cada euro investido na educação de crianças traz quatro euros de recompensa para os cofres públicos. Então o governo resolveu investigar os efeitos de medidas favoráveis à família na iniciativa privada. Numa pesquisa recém-divulgada, na presença do presidente da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), Ludwig Georg Braun, a ministra alemã da Família, Renate Schmidt, pôde confirmar as vantagens de benefícios familiares dentro das empresas.
“Trabalho ou família?”
A meta do estudo é incentivar firmas a investir em jardins-de-infância, programas para mães e pais jovens se readaptarem ao serviço, assim como modelos de trabalho a distância durante a licença-maternidade. Na Alemanha, é grande o número de pessoas sem filhos: 30% das mulheres de 37 anos, segundo indicam estatísticas.
“Só uma pequena parte dessas pessoas não pode ou não quer ter filhos”, explica a ministra. “Grande parte gostaria, mas não se acha em condições de criar uma família.” É justamente isso que o governo pretende mudar.
Vantagens na ponta do lápis
O estudo, realizado em dez empresas do Oeste da Alemanha, fez um cálculo-modelo: se uma firma com 1500 funcionários e 45% de mulheres implementar medidas favoráveis à vida familiar, poderá ter um excedente anual de 75 mil euros. Um investimento de 300 mil seria compensado com o ganho de 375 mil euros, conforme explicou Hans Barth, do instituto de pesquisa Prognos.
“O principal efeito destas medidas é uma cota maior de pais e mães que retornam para o mesmo emprego. Isso também se atribui ao fato de eles retornarem ao serviço antes, o que reduz os custos de readaptação ao trabalho”, justifica Barth.
Pensando a longo prazo
Segundo a experiência do Prognos, nove em cada dez empresas alegam não ter condições financeiras para criar creches. O presidente da DIHK se admira de os empresários se mostrarem tão hesitantes: “Acho que muita gente tende a adiar a solução deste problema por causa da situação do mercado de trabalho, sem pensar a longo prazo. Quando a situação melhorar, vai ser difícil achar mão-de-obra qualificada”.
Apesar do desemprego de hoje, o mercado de trabalho deverá contar com falta de mão-de-obra qualificada nos próximos anos, segundo prevê o estudo divulgado esta semana, em Berlim. Isso deverá levar a uma maior participação das mulheres no mercado de trabalho, que hoje se limita a 66% na Alemanha – uma cota inferior à registrada nos Estados Unidos e em outros países industrializados.