Solidariedade toma conta da metrópole ucraniana de Lviv
28 de fevereiro de 2022Lviv tem ruas estreitas e movimentadas, arquitetura histórica e cafés aconchegantes. À primeira vista, parece que a vida na cidade ucraniana próxima à fronteira com a Polônia ainda parece pacífica. Mas, repentinamente uma sirene de alarme toca, alertando às pessoas para irem a bunkers. Subitamente fica claro qual é a verdadeira situação na cidade.
É possível ver o medo nos rostos de muitas pessoas nas filas nos caixas eletrônicos ou em frente aos serviços de doação de sangue. O ataque militar da Rússia à Ucrânia já forçou milhares de civis ucranianos a deixarem suas casas e ir para o exterior ou para o oeste do país – incluindo a metrópole ucraniana ocidental de Lviv, para onde também foram transferidos serviços diplomáticos de vários países.
Muitos buscam refúgio no oeste da Ucrânia
Há muitas pessoas chegando, mas não há apartamentos vagos o suficiente, diz Kateryna, que trabalha como corretora. "No que diz respeito aos aluguéis de longo prazo, não posso dizer nada, ainda pode haver alguns. Mas não há apartamentos que possam ser alugados a curto prazo", explica. "Porque os refugiados não alugam apartamentos por um ano, mas apenas por uma semana ou um mês, na esperança de que a guerra termine logo e eles possam voltar."
Assim, em plataformas como booking.com já não é possível encontrar ofertas em Lviv por um curto período de tempo. Alguns apartamentos ainda podem ser encontrados via Airbnb, mas os preços começam em 600 euros por uma semana. "Muito caro", acha Kateryna. Ela geralmente oferece apartamentos por cerca de 6.000 hryvnia, o equivalente a cerca de 180 euros por mês. Somente no verão, durante a temporada turística, Kateryna tem apartamentos nesta categoria de preço. Ela condena veementemente aumentar os valores por causa da guerra.
Forte vontade de defender a cidade e o país
Enquanto isso, mais e mais cidadãos de Lviv estão se voluntariando na Defesa Territorial e nas Forças Armadas da Ucrânia. Desde o início da guerra , filas se formaram em frente aos escritórios todos os dias. "Desde o momento em que cheguei aqui, me senti melhor. É difícil assistir tudo isso em casa", diz Dmytro. Ele se voluntariou para a Defesa Territorial principalmente porque quer receber treinamento militar básico. "Quero saber como usar uma metralhadora, como atirar. É dever de todo homem agora", diz Dmytro,
Andriy, outro voluntário de Lviv, também quer atuar na defesa territorial: "Só quero que os ocupantes não venham às nossas áreas, que não haja atos de sabotagem, que a ordem continue prevalecendo. Presumo que as pessoas em outras cidades farão isso e que isso terá um impacto", diz ele.
Tanto Andriy quanto Dmytro afirmam que defenderiam não apenas sua cidade natal de Lviv, como mas também outras cidades da Ucrânia, se necessário.
Vyacheslav Mordik, um designer de Lviv, quer se alistar nas forças armadas ucranianas. No início, ele também queria se reportar à Defesa Territorial. "Mas então decidi me juntar às forças armadas ucranianas. A participação é grande, há muitos homens, mesmo entre meus conhecidos, que querem isso", diz ele. Vyacheslav também não quer ficar em casa e acompanhar a guerra nos noticiários. "Não quero ficar sentado enquanto outros defendem meu estado e minha liberdade".
Grande vontade de doar sangue
A grande disposição da cidade em ajudar também se reflete nas doações de sangue para soldados feridos. Filas se formam em frente aos locais de doação – muitos vem doar sangue pela primeira vez na vida.
Lina, uma voluntária, está feliz por tantas pessoas estarem dispostas a dar esse passo. "Apenas meia hora após a abertura, 100 pessoas já estavam na fila. Não podemos aceitar um número maior de doações de sangue em um dia", relata. "Muitas pessoas ficam chateadas quando temos que mandá-las embora. Mas estamos orgulhosos de todos que querem ajudar."
Por enquanto, as doações de sangue de mulheres estão sendo rejeitadas. "As mulheres, nos disseram, devem ficar inicialmente na reserva. Porque você só pode doar sangue a cada dois meses", explica Lina.