Sony volta atrás e autoriza lançamento da comédia "A Entrevista"
23 de dezembro de 2014Após cerca de uma semana de muitas polêmicas e até ameaças entre EUA e Coreia do Norte, a Sony decidiu que vai estrear o filme A Entrevista. O diretor-executivo da empresa, Michael Lynton, confirmou nesta terça-feira (23/12) que a data original da estreia, 25 de dezembro, será mantida. Porém, o lançamento será bem mais modesto: a produção deve ser mostrada apenas em cinemas selecionados nos Estados Unidos e serviços sob demanda.
"Nós nunca desistimos de apresentar A Entrevista e estamos animados que nosso filme estará em alguns cinemas no dia de Natal", afirmou Lynton. "Ao mesmo tempo, continuaremos com os esforços para assegurar mais plataformas e salas de cinema para que esse filme atinja a maior audiência possível", disse, acrescentando que, entre os esforços, está também o aumento da segurança para os espectadores.
Lynton agradeceu também a todos os envolvidos no longa-metragem de comédia. "Enquanto esperamos que este seja apenas o primeiro passo no lançamento deste filme, estamos orgulhosos em torná-lo disponível ao público e de não termos sucumbidos à pressão daqueles que tentaram suprimir a liberdade de expressão", afirmou.
O coprodutor e ator do filme, Seth Rogen, comemorou por meio de sua conta no Twitter o lançamento do longa-metragem. "As pessoas se pronunciaram! A liberdade prevaleceu! A Sony não desistiu! A Entrevista será exibido no cinemas dispostos a mostrá-lo no dia de Natal!", escreveu.
A decisão ocorre depois que o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que o estúdio estava cometendo um erro ao se curvar à intimidação. Além disso, centenas de gerentes de cinemas independentes disseram que queriam exibir o filme.
Ciberataque e ameaças contra Sony
A Entrevista é uma sátira em que jornalistas são contratados pela CIA para matar um líder norte-coreano muito parecido com o ditador Kim Jong-un. Depois de ciberataques contra a Sony, na última semana, as grandes cadeias de cinema desistiram de passar o filme por causa de preocupações de segurança.
O ataque cibernético danificou o sistema de computadores da Sony e levou a um vazamento embaraçoso de documentos e e-mails contendo conteúdos sensíveis. Os hackers operaram sob a alcunha de Guardiões da Paz e fizeram ameaças não especificadas para os cinemas que planejavam mostrar o filme. Eles exigiam da Sony o cancelamento da produção.
O FBI acusou a Coreia do Norte pelo ciberataque. O país asiático já havia protestado contra o filme, em junho. Pyongyang negou estar por trás do ataque e propôs aos EUA uma investigação conjunta. Barack Obama considerou o ataque cibernético uma "séria questão de segurança nacional" e prometeu uma resposta proporcional.
Pelo segundo dia consecutivo, a Coreia do Norte ficou um bom tempo sem acesso à internet. Autoridades americanas não comentaram se Washington estaria envolvido, mas observadores creem que o colapso norte-coreano não foi por acaso.
PV/rtr/ap/afp/dpa