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CriminalidadeFrança

Suspeito de incêndio de Nantes em prisão preventiva

26 de julho de 2020

Ruandês de 39 anos trabalhava como voluntário na catedral no oeste da França. Segundo seu advogado, confessar foi "uma libertação". Ele está sujeito a dez anos de prisão e multa de 150 mil euros.

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Grua com trabalhadores na roseta da Catedral de Saint-Pierre-et-Saint-Paul, em Nantes
Catedral de Saint-Pierre-et-Saint-Paul, construída entre 1434 e 1891, já sofrera incêndio em 1972Foto: Getty Images/AFP/S. Salom-Gomis

Uma semana após o incêndio na Catedral de Nantes, no Oeste da França, um voluntário ruandês da diocese confessou a autoria do crime, sendo colocado sob prisão preventiva na madrugada de domingo (26/07) por um juiz de instrução por "destruição e danos causados pelo fogo".

Como revelou ao diário Presse-Océan o procurador da República de Nantes, Pierre Sennès, o homem de 39 anos "admitiu, durante o interrogatório inicial perante o juiz de instrução, que tinha acendido os três fogos na catedral: no grande órgão, no pequeno órgão e num painel elétrico". Ele estava encarregado de fechar a catedral na véspera do incêndio.

"Meu cliente cooperou", argumentou o advogado Quentin Chabert ao mesmo jornal. "Ele lamenta amargamente os fatos e confessar foi para ele uma libertação. Meu cliente está agora roído pelo remorso e sobrecarregado pela escala dos acontecimentos."

Na semana anterior, falando à agência de notícias francesa AFP, o reitor da Catedral de Nantes, padre Hubert Champenois, defendera o voluntário ruandês, que ele já conhecia "há quatro ou cinco anos", vindo "refugiar-se na França há alguns anos" e que "serve no altar". "Tenho confiança nele e em todo o pessoal", assegurara o sacerdote.

O voluntário fora detido em 18 de julho, algumas horas após o incêndio e a abertura da investigação, mas libertado na noite seguinte. Os investigadores quiseram interrogá-lo por não terem sido encontrados vestígios de arrombamento nos acessos ao edifício onde foram registrados os três focos iniciais. Desde o início a suspeita era de incêndio criminoso.

Ele foi novamente detido no sábado de manhã e colocado sob custódia policial. Após confessar o crime, ele foi apresentado à noite ao Ministério Público de Nantes, que abriu inquérito judicial e o colocou em prisão preventiva. O refugiado de Ruanda está sujeito a "uma pena de dez anos de prisão e multa de 150 mil euros", informou Sennés.

De acordo com o procurador, para a investigação, em que se interrogaram mais de 30 indivíduos, foram mobilizados cerca de 20 investigadores da polícia judiciária, incluindo o reforço do laboratório central da prefeitura da polícia de Paris, a fim de determinar a causa do incêndio.

Os bombeiros levaram cerca de duas horas para conter o incêndio, que em 18 de julho destruiu o grande órgão e uma pintura do século 19 de Hippolyte Flandrin, entre outros danos. O alerta fora dado por volta das 07h45 por transeuntes que viram chamas saindo da igreja.

Do órgão histórico, "muito poucos ou nenhum elemento serão salvos", informou Philippe Charron, chefe do departamento de patrimônio da Direção Regional dos Assuntos Culturais (DRAC). Por outro lado, "a maioria das obras foi salva" e está armazenada no Castelo de Nantes.

O Estado francês "participará plenamente" da reconstrução, prometeu o primeiro-ministro Jean Castex, reforçando as declarações da ministra da Cultura Roselyne Bachelot logo após o desastre.

A construção da Catedral de Saint-Pierre-et-Saint-Paul, em estilo gótico, levou mais de quatro séculos, de 1434 a 1891. Seu incêndio, 15 meses após o da Notre-Dame de Paris, despertou forte emoção entre os habitantes da capital da região do País do Loire, muitos dos quais ainda têm na memória o sinistro de 28 de janeiro de 1972 naquele templo católico.

AV/lusa,afp,rtr

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