Suu Kyi concorda em prestar juramento no Parlamento de Mianmar
30 de abril de 2012O impasse que ameaçava paralisar o curso das reformas democráticas em Mianmar foi resolvido nesta segunda-feira (30/04), quando a líder da oposição Aung San Suu Kyi desistiu do seu pedido de alteração do juramento à Constituição, obrigatório para todos os parlamentares antes do início do mandato.
"Iremos participar do Parlamento o mais rápido possível", disse Suu Kyi após a reunião do seu partido, a Liga Nacional Democrática (NLD).
Suu Kyi e os demais membros da NLD discordaram do juramento que os obriga a "salvaguardar" a Constituição redigida pela junta militar que governou Mianmar por décadas. O partido se recusou a tomar assento no Parlamento até que o juramento fosse modificado. Eles pediram para que a palavra fosse alterada para "respeitar" a Constituição.
"Algumas pessoas podem estar se perguntando por que nós aceitamos a palavra somente agora e não no início," disse Suu Kyi. " A razão para a aceitarmos agora é o desejo do povo. Nossos eleitores votaram em nós porque querem nos ver no Parlamento."
No entanto, a líder do partido insistiu que a NLD não está desistindo do seu pedido e disse que "política é uma questão de dar e receber". Suu Kyi disse que irá ocupar seu assento no Parlamento nesta quarta-feira, pouco mais de uma semana após o início do ano legislativo.
Ajuda das Nações Unidas
Também nesta segunda-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, tornou-se o primeiro diplomata estrangeiro a discursar diante do novo Parlamento de Mianmar, prometendo apoio às reformas democráticas que foram instituídas no país em 2011.
"Eu parabenizo as medidas tomadas até agora pela comunidade internacional, mas ainda há muito a ser feito", disse Ban, após diálogo com o presidente reformista Thein Sein. "Hoje, peço à comunidade internacional para ir além da suspensão ou redução das restrições comerciais e outras sanções."
Recentemente a União Europeia suspendeu parte das sanções econômicas a Mianmar. Os Estados Unidos, no entanto, deixaram em vigor algumas de suas restrições mais vigorosas.
No começo do dia, em reuniões com funcionários do governo, Ban prometeu assistência técnica das Nações Unidas para ajudar a estabelecer o primeiro censo de Mianmar em 31 anos. O governo de Mianmar estima que existam 60 milhões de pessoas no país, mas o número pode ultrapassar os 65 milhões.
"Espero que o cessar-fogo torne isso possível", disse Ban após assinar o acordo do censo com o vice-presidente de Mianmar, Sai Mauk Kham. "O envolvimento das minorias e da sociedade civil será fundamental."
Ban termina sua visita a Mianmar nesta terça-feira, quando se encontrará com a líder da NLD, Suu Kyi.
AKS/afp/dpa/rtr
Revisão: Alexandre Schossler