Série de explosões deixa ao menos quatro mortos na Tailândia
12 de agosto de 2016Uma série de 11 explosões atingiu cidades e resorts turísticos no sul da Tailândia entre a noite desta quinta-feira (11/08) e a manhã desta sexta-feira, deixando ao menos quatro mortos e mais de 30 feridos, incluindo cerca de dez estrangeiros.
Ainda não está claro quem está por trás dos ataques, mas as autoridades locais descartaram que haja ligação com o terrorismo internacional. O momento e o alvo das bombas sugerem que oponentes da junta militar que governa o país sejam os responsáveis.
No fim de semana passado, a junta organizou um referendo que aprovou uma proposta de Constituição que, segundo especialistas, deve dar mais poder aos militares. A polícia falou em "sabotagem local".
Bombas em vasos de flores
Todas as 11 explosões ocorreram ao sul de Bangcoc, e várias delas parecem ter tido como objetivo atingir a indústria do turismo – incluindo uma na cidade turística de Phuket e três na cidade litorânea de Hua Hin, situada cerca de 150 quilômetros ao sudoeste da capital.
Hua Hin foi palco de duas das explosões mais devastadoras, ocorridas numa rua repleta de bares e restaurantes na noite desta quinta-feira. Os artefatos estavam escondidos em vasos de flores e foram detonados à distância, com um celular. Uma mulher tailandesa morreu e cerca de 20 pessoas ficaram feridas, sendo metade delas estrangeiros.
Na manhã desta sexta-feira – feriado nacional na Tailândia, em comemoração ao aniversário da rainha e Dia das Mães –, Hua Hin foi atingida por outra bomba, que deixou um morto e quatro feridos.
A série de atentados começou a tarde desta quinta-feira, quando uma bomba explodiu num mercado da capital da província de Trang, situada no sul da Tailândia, deixando um morto e sete feridos.
Na cidade de Surat Thai, a cerca de 640 quilômetros ao sul de Bangcoc, dois artefatos explosivos colocados em frente a uma delegacia causaram a morte de uma mulher e deixaram três feridos.
Segundo a imprensa local, outra explosão feriu uma pessoa em Phuket, no litoral oeste do país, enquanto na província de Phang Nga, no norte da cidade, houve outras duas explosões, sem feridos.
Efeitos sobre o turismo
Dez turistas estrangeiros (quatro alemães, três holandeses, dois italianos e um austríaco) ficaram feridos, um deles com gravidade, na segunda das duas bombas que explodiram, com poucos minutos de diferença, em Hua Huan.
O Ministério alemão do Exterior confirmou nesta sexta-feira que três alemães estão entre os feridos e alertou que mais ataques podem ocorrer. "Recomenda-se que pessoas viajando para a Tailândia evitem lugares públicos e multidões e acompanhem as notícias", disse o ministério.
A Austrália também emitiu um comunicado, afirmando que turistas australianos devem ter cautela e que "mais explosões em qualquer parte da Tailândia são possíveis". O Reino Unido também pediu a seus cidadãos que evirem locais públicos.
A economia da Tailândia foi abalada desde que os militares tomaram o poder num golpe de Estado, em 2014. O turismo continua representando cerca de 10% do Produto Interno Bruto do país, e mais de 14 milhões de pessoas visitaram o país somente em 2016.
Histórico de violência
A Tailândia é palco de violência política, incluindo diversas bombas, desde que o bilionário populista Thaksin Shinawatra foi retirado do cargo de primeiro-ministro, após um golpe militar em 2006.
A derrubada do premiê desencadeou lutas sangrentas pelo poder entre seus apoiadores e opositores, que incluem os militares. O governo da irmã do ex-primeiro-ministro, Yingluck Shinawatra, foi interrompido com o último golpe militar, há dois anos.
Desde então, ataques a bomba eram raros. Ma há um ano, um ataque a um templo hindu no centro de Bangcoc deixou 20 mortos e mais de 120 feridos. A polícia acusou dois membros da etnia muçulmana uigur, da China, pelo ataque, em 17 de agosto de 2015.
No último domingo, foi aprovada num referendo uma nova Constituição que deve levar a uma eleição no ano que vem. Críticos afirmam que ela não é democrática e tem como objetivo manter os militares no poder por ao menos mais cinco anos.
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