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Torre na Floresta Amazônica ajudará a estudar o clima

Clarissa Neher17 de janeiro de 2015

Construção de 325 metros de altura coletará informações para entender melhor interação entre floresta e clima. Projeto é parceria entre instituições da Alemanha e do Brasil.

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Foto: Jürgen Kesselmeier

Para monitorar os efeitos das mudanças climáticas e estudar a importância da Floresta Amazônica para o clima, pesquisadores do Brasil e da Alemanha construíram uma torre de 325 metros de altura dentro da Amazônia. A torre deve fornecer dados fundamentais para a compreensão das alterações no clima do planeta.

Com ela, pesquisadores do Instituto Max Planck de Química, da Alemanha, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e da Universidade do Estado de Amazonas (UEA) vão coletar dados que permitirão entender melhor a concentração e redução de gases do efeito estufa, como gás carbônico e metano, na atmosfera.

Além disso, a ATTO (na sigla inglês de Observatório de Torre Alta da Amazônia) também fornecerá informações para a análise do impacto dos aerossóis, que são importantes para a formação de nuvens, além de contribuir para o estudo sobre o transporte de massas de ar por centenas de quilômetros.

"Uma torre com essa altura se projeta das camadas mais inferiores da atmosfera e é por isso mais indicada para responder perguntas sobre os efeitos que uma floresta tropical tão grande tem sobre uma área ampla", comenta um dos coordenadores do projeto, o biólogo Jürgen Kesselmeier, do Instituto Max Planck de Química.

Amazônia e o clima

Segundo Kesselmeier, a Floresta Amazônica foi escolhida para receber a torre devido à sua influência sobre o clima global. A evaporação na Floresta tem um grande impacto sobre o ciclo da água, além de estabilizar o clima.

"A Amazônia é a maior área de floresta tropical contínua do mundo. Além disso, vários processos atmosféricos físicos e químicos que ocorrem na interação entre floresta e atmosfera ainda não foram compreendidos", reforça o biólogo.

As informações coletadas serão reunidas em modelos usados para compreender a atmosfera e o clima, principalmente as mudanças climáticas globais. Devido à sua altura, a torre consegue reunir dados numa área de aproximadamente 100 quilômetros quadrados ao redor dela.

Atto (Amazonian Tall Tower Observatory)
Torre fica dentro da floresta, a cerca de 150 quilômetros de ManausFoto: Reiner Ditz

"A Floresta Amazônica é, sem dúvida alguma, um componente importante para o clima da América do Sul e principalmente do Brasil", reforça o meteorologista Tercio Ambrizzi, da USP.

Essa importância está relacionada à capacidade das árvores de absorver água do solo. Ao liberar essa umidade para a atmosfera, a Amazônia mantém o ar em movimento e leva chuvas para o continente.

A umidade é exportada para regiões distantes pelos chamados "rios voadores" (sistemas aéreos de vapor), irrigando áreas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além da Bolívia, do Paraguai e da Argentina.

Parceria Brasil-Alemanha

A construção da estrutura da torre ATTO, localizada a cerca de 150 quilômetros de Manaus, terminou no fim do ano passado. No decorrer deste ano serão montados os equipamentos necessários para a pesquisa, como geradores. Sua inauguração oficial está prevista para acontecer entre junho e julho.

O projeto custou cerca de 8,4 milhões de euros e está sendo financiado pelo Ministério da Educação e Pesquisa (BMBF) da Alemanha e pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) do Brasil.

Apesar de ser a primeira torre de observação com essas proporções no país, ela não é a única no mundo. Uma torre parecida foi construída na Sibéria em 2006.

A ZOTTO também recolhe dados climáticos e tem 300 metros de altura. O Instituto Max Planck para Bioquímica é um dos coordenadores do projeto na Rússia.