Tribunal condena ex-presidente da Libéria por crimes de guerra
26 de abril de 2012O ex-presidente da Libéria Charles Taylor foi considerado culpado de crimes de guerra e contra a humanidade, cometidos durante a guerra civil na Serra Leoa (1991-2001), conflito em que teriam sido mortas mais de 120 mil pessoas, segundo estimativas. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (26/04) pelo Tribunal Especial da ONU para a Serra Leoa, estabelecido nas proximidades de Haia, na Holanda.
“O tribunal considera Taylor culpado de ter ajudado e encorajado os seguintes crimes”, declarou o juiz Richard Lussick, antes de enumerar as 11 acusações, incluindo estupros, assassinatos, recrutamento de soldados infantis e atos desumanos.
Essa foi a primeira condenação de um ex-chefe de Estado por um tribunal internacional desde os julgamentos de Nurembergue, que colocaram no banco dos réus a cúpula nazista.
O magistrado afirmou que a pena a ser cumprida pelo ex-presidente, de 64 anos, será pronunciada em 30 de maio. Taylor pode pegar prisão perpétua. Ele deverá cumprir a sentença numa prisão no Reino Unido, segundo informações de um porta-voz do Ministério britânico do Exterior.
Diamantes de sangue
Presidente da Libéria de 1997 a 2003, Taylor foi acusado de ter criado e aplicado um plano para obter o controle da Serra Leoa através de uma campanha de terror, com o objetivo de explorar as reservas de diamantes do país. As tropas de Taylor combateram ao lado dos rebeldes da Frente Unida Revolucionária da Serra Leoa, à qual o presidente fornecia armas em troca dos chamados "diamantes de sangue", extraídos ilegalmente.
Taylor foi acusado em junho de 2003 e detido na Nigéria em março de 2006. Durante o julgamento, que começou em junho de 2007 e foi concluído em março de 2011, a acusação apresentou 94 testemunhas (entre elas a modelo britânica Naomi Campbell e a atriz norte-americana Mia Farrow), e a defesa, 21. O ex-presidente sempre negou as acusações, afirmando ser inocente e vítima de um complô internacional.
A deliberação do tribunal durou cerca de um ano devido "à complexidade do processo", que inclui 50 mil páginas de testemunhos e 1.520 elementos de prova.
MD/rtr/lusa/dpa/afp
Revisão: Alexandre Schossler