Trio europeu estreita relações com a Rússia
18 de março de 2005Reuniões entre o chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder, o presidente da França, Jacques Chirac, e o da Rússia, Vladimir Putin, realizam-se com regularidade. Desta vez, para o encontro da noite desta sexta-feira (18/03) em Paris, o anfitrião Chirac estendeu o convite ao primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodriguez Zapatero.
Motivo: Zapatero é, ao lado de Schröder e de Chirac, um dos maiores defensores da Constituição da União Européia, cuja aprovação pelas populações, através de referendos, ou pelos parlamentos nacionais está na pauta de muitos países-membros atualmente. Na França, por exemplo, o plebiscito será no fim de maio, e as forças que se opõem à Constituição se engrossam, e não necessariamente em função do documento em si.
Serviços: um dos pomos da discórdia
O que dá impulso aos opositores da Constituição na França é a diretriz de liberalização do mercado de serviços, elaborada pelo ex-comissário de Mercado Interno Frits Bolkestein. Ela prevê que artesãos e outros prestadores de serviço ofereçam seus préstimos em qualquer outro país-membro do bloco segundo as condições reinantes no país de origem. O receio de dumping é forte entre os franceses, considerando que nos países do Leste Europeu – que ingressaram no ano passado na UE – os serviços custam muito menos do que no oeste.
Schröder e Chirac são contra a diretriz de Bolkestein e devem reforçar sua posição no encontro desta sexta-feira, justamente tendo em vista o referendo do fim de maio. Na Alemanha, a aprovação da Constituição pelo Bundestag está agendada para 12 de maio, uma data também escolhida de propósito: o resultado positivo deve refletir para além das fronteiras, exercendo influência sobre a decisão dos franceses.
Questões internacionais
Estratégias à parte, oficialmente são os temas internacionais que estão no centro da pauta do encontro a quatro. Afinal, Schröder, Chirac e Putin constituem o cerne do movimento europeu de oposição à guerra no Iraque. E a Espanha completou o quarteto, desde que Zapatero venceu as eleições naquele país após o atentado de 11 de março de 2004.
Um tema em que os quatro chefes de Estado e de governo buscam harmonizar sua posição é o programa nuclear do Irã. Este ainda é motivo de divergência entre europeus e os Estados Unidos, mesmo que o presidente George W. Bush se mostre mais aberto ao diálogo, desde sua recente viagem à Europa.
Estabilização da Rússia
Outro empenho de Chirac é a estabilização das relações com a Rússia, país onde diplomatas franceses apontam déficits no que diz respeito à liberdade de imprensa, na reestatização das empresas de energia e na guerra da Chechênia. Estes pontos devem estar incluídos na pauta do encontro, bem como os preparativos para a conferência de cúpula UE-Rússia, que terá lugar a 10 de maio. O Cremlin já expressou o desejo de ampliar a cooperação com o bloco de 25, em especial com sua locomotiva, ou seja, exatamente com a Alemanha, França e Espanha.