Trump anuncia novo encontro com líder da Coreia do Norte
6 de fevereiro de 2019O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apelou à unidade política entre democratas e republicanos, insistiu no muro na fronteira com o México e anunciou a data de um novo encontro com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, durante o seu discurso sobre o estado da União, nesta terça-feira (05/02), em Washington.
No início do discurso perante o Congresso, agora dividido, Trump apelou a um compromisso entre democratas e republicanos em prol do bem comum. "Devemos rejeitar as políticas de vingança e retaliação, e abraçar o potencial ilimitado de cooperação, compromisso e bem comum", sublinhou.
Apesar dos apelos por unidade, Trump alertou que "políticas de vingança e retaliação" e "investigações ridículas por motivações partidárias" podem afetar o progresso econômico do país. "Se deve haver paz e legislação, não pode haver guerra e investigação", afirmou, numa referência indireta às investigações pedidas pelos democratas à sua administração e finanças pessoais.
Atrás dele, a presença da líder da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, era uma lembrança constante de que Trump terá pela sua frente, nos próximos dois anos, um Congresso bem mais combativo do que teve na primeira metade de mandato. Os democratas agora têm a maioria na Câmara.
A mudança na estrutura de poder também se refletiu na presença feminina no plenário, com as parlamentares democratas vestindo branco, a cor do movimento das sufragistas. O novo Congresso tem 131 mulheres, o maior número da história. Quando o presidente fez menção a isso, foi saudado pelas congressistas.
Trump também abordou o tema que, nas últimas semanas, o opôs aos democratas, liderados por Pelosi: a imigração ilegal e o muro na fronteira com o México. O impasse levou a uma paralisação recorde do governo porque os democratas se recusaram a aprovar um orçamento que previsse 5,7 bilhões de dólares para a construção do muro, como Trump queria.
O presidente pediu aos responsáveis políticos do país para trabalharem juntos para resolverem os problemas da imigração ilegal nos EUA, afirmando que apenas um muro na fronteira com o México garantirá a segurança e que os legisladores "têm o dever moral de criar um sistema de imigração que proteja as vidas e empregos" dos americanos.
Trump afirmou que o Congresso "tem dez dias para aprovar um projeto de lei" para garantir a proteção da "perigosa fronteira sul", deixando claro que o impasse envolvendo o presidente e a maioria democrata na Câmara dos Representantes em torno do muro está longe do fim.
Trump também anunciou que vai se reunir, em 27 e 28 de fevereiro, no Vietnã, com o líder da Coreia do Norte para a segunda cúpula entre os dois, depois do histórico encontro de 12 de junho de 2018 em Cingapura.
Ainda no plano internacional, Trump advertiu a China para não "roubar mais empregos e riqueza dos americanos" e exigiu "mudanças estruturais" de Pequim nas suas práticas comerciais.
Ele também afirmou que tenciona negociar um novo acordo nuclear com a Rússia e talvez com a China. Na sexta-feira, Trump anunciara a retirada dos EUA do Tratado sobre Armas Nucleares de Alcance Intermediário (INF), responsabilizando a Rússia por violar o acordo fechado em 1987, ainda durante a Guerra Fria.
Em relação à guerras na Síria e no Afeganistão, o presidente americano disse que as "grandes nações não travam guerras intermináveis" e que, no caso do Afeganistão, chegou a hora de tentar a paz.
"Não sabemos se alcançaremos um acordo, mas sabemos que, depois de duas décadas de guerra, chegou a hora de pelo menos tentar a paz", declarou. Ele assegurou que acelerou "as negociações para alcançar um acordo político no Afeganistão".
Trump afirmou que o governo americano está mantendo "conversas construtivas" com vários grupos afegãos, incluindo os talibãs. "À medida que avançarmos nessas negociações, poderemos reduzir a presença das nossas tropas e estabilizar-nos na luta contra o terrorismo", argumentou.
Sobre a Síria, ele disse que praticamente todo o território que havia sido ocupado pelo "Estado Islâmico" no país foi recuperado e que é hora de trazer de volta os combatentes americanos.
Inicialmente previsto para 22 de janeiro, o discurso sobre o estado da União foi adiado depois de Pelosi ter se recusado a receber Trump no Congresso por considerar que a paralisação da administração impedia as autoridades de garantir as condições de segurança necessárias durante a visita. Para que o discurso pudesse acontecer, o presidente assinou uma legislação que permite o financiamento das estruturas governamentais até 15 de fevereiro.
AS/lusa/ap
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