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Trump defende muro como solução para crise

9 de janeiro de 2019

Em discurso à nação, presidente volta a pedir recursos para construção da barreira na fronteira com o México e responsabiliza democratas por paralisação da máquina estatal, que já é a segunda mais longa da história.

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Donald Trump discursa no Salão Oval da Casa Branca
Trump culpa migrantes por uma "praga" de violência e tráfico de drogas nos Estados UnidosFoto: Getty Images/C. Barria-Pool

O presidente dos EUA, Donald Trump, pressionou o Congresso na noite desta terça-feira (08/01), no seu primeiro discurso à nação a partir do Salão Oval da Casa Branca, para liberar recursos para a construção de um muro na fronteira com o México.

Ele justificou a construção do muro com uma "crescente crise humanitária e de segurança na fronteira sul", pressionando os democratas a assumirem um acordo para o financiamento. O presidente pede 5,7 bilhões de dólares para a construção da barreira, que é uma promessa de campanha.

Trump responsabilizou os democratas pela paralisação parcial do Estado, que já dura 18 dias e é a segunda mais longa da história. Centenas de milhares de funcionários do governo estão sem receber salários. O líder democrata no Senado, Charles Schumer, pediu ao presidente que desbloqueie a máquina estatal e dissocie a paralisação administrativa dos debates sobre a segurança fronteiriça.

O presidente evitou declarar emergência nacional para contornar o impasse no Congresso e avançar com a construção do muro, apesar de ter cogitado essa ideia nos últimos dias.

Trump pediu aos democratas que regressem à Casa Branca para se reunirem com ele, argumentando ser "imoral os políticos não fazerem nada" para resolver a crise e que a questão poderia ser resolvida em 45 minutos.

O discurso de quase dez minutos foi pontuado por declarações contra os imigrantes, a quem Trump culpou por uma "praga" de violência e tráfico de drogas nos Estados Unidos.

Trump mencionou americanos assassinados por imigrantes ilegais, embora estudos realizados ao longo de vários anos tenham apontado que os imigrantes são menos propensos a cometer crimes do que aqueles nascidos nos Estados Unidos.

"Encontrei-me com dezenas de famílias, cujos entes queridos foram roubados pela imigração ilegal. Eu segurei as mãos das mães que choravam e abracei os pais angustiados. Tão triste. Tão terrível", afirmou. "Quanto sangue americano terá de ser derrubado até o Congresso fazer o seu trabalho?"

A imprensa americana desmentiu declarações de Trump, por exemplo de que todos os dias agentes de fronteira no México se deparam com milhares de imigrantes ilegais. O número é superestimado, afirmaram a CNN e o New York Times.

A afirmação de que 90% da heroína que chega aos Estados Unidos passa pela fronteira com o México também é falsa, afirmou o jornal nova-iorquino.

A presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, reagiu minutos depois do discurso de Trump, sublinhando que o presidente optou pelo medo em detrimento dos fatos.

"O presidente Trump deve parar de manter o povo americano refém, deve parar de fabricar uma crise e deve reabrir o Estado", declarou. "Todos concordamos que é preciso proteger as nossas fronteiras", acrescentou.

Pelosi argumentou que a Câmara dos Representantes, agora sob o controle dos democratas, aprovou, no primeiro dia do novo Congresso, uma legislação para terminar com a paralisação parcial do Estado, com a liberação de 1,3 bilhão de dólares para segurança de fronteiras, mas a solução foi rejeitada por Trump porque não previa o financiamento do muro.

AS/lusa/ap/afp

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