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Trump é alvo de críticas após sugerir ignorar Constituição

5 de dezembro de 2022

Democratas e republicanos condenam declarações do ex-presidente dos EUA. Trump voltou a alegar, sem provas, fraude na eleição vencida por Biden e afirmou que, portanto, seria justificável revogar partes da Constituição.

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Ex-presidente dos EUA Donald Trump durante discurso
Donald Trump: "Uma fraude massiva dessa natureza e magnitude permite a revogação de todas as regras, regulamentos e artigos, mesmo aqueles da Constituição"Foto: Gaelen Morse/REUTERS

Democratas e republicanos reagiram com consternação às mais recentes declarações de Donald Trump. Políticos de ambos os partidos expressaram críticas contundentes à sugestão do ex-presidente de que os EUA deveriam desconsiderar regras e até mesmo a Constituição, porque a eleição presidencial passada teria sido fraudada – uma alegação infundada que Trump tem repetido desde a derrota para o democrata Joe Biden.

Trump começou a disseminar as alegações de fraude eleitoral antes mesmo da divulgação dos resultados do pleito. E, neste sábado, o ex-presidente reiterou sua tese em publicação em sua própria rede social Truth Social.

"Uma fraude massiva dessa natureza e magnitude permite a revogação de todas as regras, regulamentos e artigos, mesmo aqueles da Constituição", escreveu.

"Extremismo do trumpismo"

A Casa Branca condenou imediatamente a mais recente declaração de Trump. "Atacar a Constituição e tudo o que ela representa é um anátema para a alma de nossa nação e deve ser condenado universalmente", disse o porta-voz Andrew Bates.

Hakeem Jeffries, que assumirá em 3 de janeiro o atual posto de Nancy Pelosi de líder do Partido Democrata na Câmara, classificou os comentários de Trump como extremos e acrescentou que os republicanos terão que escolher se continuarão a acolher as visões antidemocráticas de Trump.

"Os republicanos terão que resolver seus problemas com o ex-presidente e decidir se vão romper com ele e retornar a algum semblante de razoabilidade ou continuar a se inclinar para o extremismo, não apenas de Trump, mas do trumpismo", disse Jeffries.  

O líder da maioria no Senado, o democrata Chuck Schumer, afirmou que Trump "está fora de controle e é uma ameaça à nossa democracia". O deputado democrata Ted Lieu classificou a declaração de Trump como "antiamericana e fascista". O também congressista pelo partido Don Beyer disse que Trump "se declarou abertamente um inimigo da Constituição".

Repreensão também de republicanos

O ex-presidente recebeu críticas também de membros do Partido Republicano. Mike Turner, o principal republicano no Comitê de Inteligência da Câmara, juntou-se ao coro do democrata Jeffries na condenação dos comentários de Trump e acrescentou que discorda "veementemente" e condena "absolutamente" as declarações do ex-presidente.

Turner afirmou ainda que as declarações de Trump devem ser levadas em consideração na decisão dos republicanos sobre quem deve liderar o partido nas próximas eleições presidenciais de 2024.

"Existe um processo político que precisa avançar antes de alguém se tornar o favorito ou candidato do partido", disse. "Acredito que as pessoas certamente levarão em consideração uma declaração como essa ao avaliar um candidato."

O recém-eleito congressista republicano Mike Lawler também se opôs aos comentários de Trump. Lawler afirmou que chegou a hora de parar de focar "reclamações eleitorais passadas". "A Constituição foi estabelecida por um motivo, que era proteger os direitos de todos os americanos. Acho que o presidente [sic] faria bem em se concentrar no futuro se quiser concorrer à presidência novamente."

"Conservadores deveriam impedir a candidatura de Trump"

John Bolton, que foi conselheiro de segurança nacional de Trump e deixou a posição após um desentendimento, disse que "todos os verdadeiros conservadores" deveriam impedir a candidatura de Trump para o próximo pleito presidencial.

Trump, que é o primeiro presidente a sofrer impeachment por duas vezes – posteriormente inocentado em ambos os processos – e cujo mandato terminou com a invasão do Capitólio numa tentativa violenta de impugnar a transição de poder em janeiro de 2021, declarou recentemente sua intenção de concorrer novamente em 2024 ao posto na Casa Branca.

O magnata enfrenta uma série de investigações criminais, incluindo a investigação de documentos confidenciais apreendidos pelo FBI em uma de suas residência, em Mar-a-Lago, e investigações estaduais e federais relacionadas aos esforços para anular os resultados das eleições de 2020.

pv/lf (AP, AFP, ots)