Trânsito mata uma pessoa a cada 24 segundos no mundo
7 de dezembro de 2018O relatório Global Status Report on Road Safety, divulgado nesta sexta-feira (07/12) pela Organização Mundial da Saúde (OMS). revela que, em todo mundo ocorrem anualmente 1,35 milhões de mortes no trânsito, o que significa que, em média, os acidentes matam uma pessoa a cada 24 segundos.
O documento elaborado base em dados de 2016, aponta que o número global de fatalidades no trânsito aumentou em 100 mil em apenas três anos, fazendo com que esta seja a maior causa de mortes entre crianças e jovens entre 5 e 29 anos. No mesmo relatório de 2013, o total de mortes por ano era estimado em 1,25 milhões.
"Essas mortes são um preço inaceitável a se pagar pela mobilidade", afirmou diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. "Não há justificativas para falta de ação. Esse é um problema com soluções já comprovadas", afirmou.
No Brasil, diz o relatório, foram registradas quase 39 mil mortes no trânsito em 2016, com o maior número de fatalidades atingindo condutores de motos e veículos motorizados de três rodas.
Segundo a OMS, 31% das mortes no trânsito no Brasil atingem motociclistas e condutores de veículos de três rodas. Ocupantes de automóveis de quatro rodas e veículos leves vêm logo depois, com 23%, seguidos dos pedestres, com 18%.
As estimativas do órgão para o Brasil no mesmo período são ainda mais altas: 41 mil mortes no total, o que significaria uma taxa de 19,7 para cada cem mil habitantes. A título de comparação, a vizinha Argentina teve pouco mais de cinco mil mortes no trânsito em 2016, e as estimativas da OMS são de pouco mais de seis mil, resultando numa taxa de 14 mortes para cada cem mil habitantes no período.
Dados do Ministério da Saúde do Brasil dão conta de números parecidos: são 37 mil pessoas mortas nas ruas e nas estradas do país em 2016. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o número equivale a uma morte a cada 12 minutos. Até 2020, o país precisa cumprir acordo firmado com a ONU de reduzir as mortes no trânsito para cerca de 21 mil ao ano.
O relatório da OMS ainda deu destaque à efetividade da alteração dos limites legais para o consumo de álcool no Brasil. A chamada "Lei Seca" entrou em vigor em 2008. "Monitoramentos na cidade e no Estado de São Paulo entre 2001 e 2010 indicaram que a nova lei resultou em reduções significativas em lesões e fatalidades", diz o texto.
Estabilização
Mas, apesar do aumento em número, se comparado ao aumento populacional e de veículos em todo o mundo, o índice de mortes se estabilizou nos últimos anos. "Isso sugere que esforços de segurança no trânsito existentes em alguns países de renda média e alta mitigaram a situação", diz a OMS.
Isso se deve a melhores legislações que tratam dos principais fatores de risco, incluindo excesso de velocidade, consumo de álcool por motoristas e também a obrigatoriedade da utilização do cinto de segurança, assentos para crianças e capacetes. Além disso, calçadas mais seguras, a criação de faixas para ciclistas e exigências de melhores condições dos veículos também contribuíram.
Mais de 100 países, com população combinada de 5,3 bilhões de habitantes, exigem o uso do cinto de segurança, enquanto apenas 44 países, que somam 2,3 bilhões, possuem legislações eficazes contra o uso do álcool pelos motoristas. Os assentos de segurança para crianças são obrigatórios em 33 países, com um total de 650 milhões de pessoas.
As nações mais pobres, porém, ainda deixam a desejar. Segundo o relatório, "nenhum país de renda baixa demonstrou redução no total de mortes". A OMS afirma que o risco de morte no trânsito nesses países é três vezes mais alto do que nos países de renda mais alta.
Os índices são particularmente altos na África, que contabiliza 22,6 mortes anualmente para cada 100 mil pessoas, o que revela um contraste em relação à média de 9,3 da Europa, que possui os números mais baixos.
A OMS destaca também o descaso para com os mais vulneráveis no trânsito. Mais da metade das mortes são de pessoas a pé ou sobre duas rodas. Pedestres e ciclistas somam 26% do total de mortes. Na África, esse percentual é de 44%. As mortes de motociclistas e seus passageiros somam 28% do total de óbitos, enquanto no Sudeste Asiático, contabilizam 43% do total.
RC/afp/dpa/ots
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