Tufão coloca Filipinas no topo do ranking dos afetados por catástrofes
5 de dezembro de 2014Com rajadas de até 350 quilômetros por hora, o tufão Haiyan deixou um rastro de destruição nas Filipinas no dia 8 de novembro de 2013. O tufão – o mais intenso até então a atingir o arquipélago – deixou mais de seis mil mortos e desalojou dezenas de milhares de pessoas. Muitos moradores ainda nem conseguiram re-erguer suas casas e já precisam buscar abrigo para se protegerem de um novo tufão, o Hagupit, que se aproxima do país.
A tragédia levou desespero e luto ao arquipélago, que em 2013 alcançou um triste primeiro lugar: foi o país mais arrasado por fenômenos meteorológicos extremos naquele ano, segundo ranking elaborado pela organização alemã Germanwatch. Em segundo e terceiro lugares na lista aparecem Camboja e Índia, seguidos, na ordem, por México, São Vicente e Granadinas, Paquistão, Laos, Vietnã, Argentina e Moçambique.
Vulnerabilidade dos países
A organização ligada ao meio ambiente e ao desenvolvimento elabora a lista há nove anos e utiliza, como base, dados relativos ao número de mortes em desastres naturais e as perdas econômicas diretas sofridas em âmbito doméstico.
"O Índice de Risco Climático ressalta a importância de se manter o aquecimento global abaixo de 2ºC, a fim de evitar catástrofes ainda maiores", afirma Sönke Kreft, diretor de políticas climáticas internacionais da Germanwatch e um dos autores do estudo. Ele faz uma alusão à chamada "meta de dois graus", política que estabelece um teto máximo para aumento para aquecimento global de dois graus centígrados, em relação ao nível antes do início da industrialização.
Não por acaso o estudo da organização alemã foi apresentado durante a Conferência do Clima que acontece em Lima, Peru. "Precisamos reduzir os efeitos das mudanças climáticas para que catástrofes recordes não estejam sempre prestes a acontecer", apela Kreft.
Entretanto, o estudo revela-se bastante cauteloso quanto a estabelecer uma relação direta entre eventos climáticos extremos e mudanças climáticas. Afinal, segundo o diretor da Germanwatch, a análise dos dados não permite conclusões sobre uma eventual influência das mudanças climáticas sobre os fenômenos. O objetivo da publicação é, sobretudo, traçar "um quadro sobre a vulnerabilidade dos países", ressalta.
Mais ameaçados são os menos preparados
E entre os mais vulneráveis estão, como já era de se esperar, os países mais pobres do planeta. Nove entre os dez das nações mais afetadas por catástrofes naturais são países em desenvolvimento, principalmente aqueles com baixa ou média-baixa renda per capita, segundo o chamado Langfrist-Index – que abrange de 1994 a 2013.
Honduras, Myanmar e Haiti foram classificados como os países mais atingidos pelo índice de risco climático de longo prazo. O ranking traz ainda na sequência Nicarágua, Filipinas, Bangladesh, Vietnã, República Dominicana e Paquistão.
"O índice mostra que a América Latina e o Caribe – justamente a região que sedia a cúpula do clima – foi especialmente afetada por duros eventos climáticos", comentou Kreft. "Esperamos que os resultados do estudo continuem aumentando a conscientização sobre a necessidade de proteção e adaptação climáticas".
Alemanha sobe na classificação
O estudo revela ainda que mais de 530 mil pessoas morreram em várias partes do mundo em decorrência de fenômenos naturais extremos. Países industrializados também foram afetados pelas catástrofes.
Entre eles está a Alemanha, onde centenas de milhares de pessoas sofreram enormes perdas com a maior enchente do século, no Rio Elba, no ano passado. Os danos materiais chegaram a 10 bilhões de euros. A tragédia levou o país a ficar em 32º lugar no ranking do índice do risco climático.