Turquia nega acordo com UE sobre crise migratória
16 de outubro de 2015Após líderes europeus declararem que teriam fechado um acordo com a Turquia sobre a crise migratória, o governo em Ancara negou nesta sexta-feira (16/10) ter chegado a um consenso com a União Europeia (UE) e afirmou que o plano de ação comum é apenas um "esboço".
O ministro turco do Exterior, Feridun Sinirlioglu, criticou ainda a ajuda financeira sugerida pelo bloco, a qual chamou de "inaceitável". Em troca de colaboração na crise migratória, a Turquia pede 3 bilhões de euros. A União Europeia, porém, teria oferecido 1 bilhão de euros.
"Nós esperávamos mais da cúpula da UE", escreveu no Twitter Sinirlioglu, que representou a Turquia na reunião, e acrescentou que o país está aberto a negociações. Na quinta-feira, após a cúpula, líderes europeus afirmaram ter chegado a um acordo com Ancara sobre um plano comum de ação para a crise de refugiados.
O acordo prevê a flexibilização da exigência de visto para cidadãos turcos e uma ajuda financeira em troca da colaboração da Turquia para conter o fluxo migratório em direção à Europa.
Turquia na União Europeia
Críticas à União Europeia também foram feitas nesta sexta-feira pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que aproveitou a ocasião para reiterar a adesão do país ao bloco. Ele afirmou que a Europa só percebeu agora que sua segurança e estabilidade dependem da Turquia.
"Se não funciona sem a Turquia, por que não aceitar a Turquia na União Europeia?", questionou Erdogan. Há uma década o governo turco e a UE negociam a adesão do país ao bloco, mas com frequência as negociações são paralisadas.
Erdogan também acusou a Europa de contribuir pouco financeiramente em cuidados com refugiados acolhidos em território turco. Segundo o presidente, enquanto a UE só repassou 366 milhões de euros, a Turquia já gastou mais de 7 bilhões de euros.
A Turquia, país vizinho da Síria, é, para os europeus, um parceiro-chave para conter o fluxo migratório que chega à Europa. Estima-se que cerca de 2 milhões de refugiados foram acolhidos em território turco.
CN/rtr/afp