Turquia nega plano para sequestrar Gülen com ajuda americana
12 de novembro de 2017A Turquia rechaçou neste domingo (12/11) as informações veiculadas pela imprensa americana sobre um suposto plano para sequestrar e levar de volta ao país o clérigo turco Fethullah Gülen, exilado nos Estados Unidos desde 1999, com ajuda de pessoas próximas ao governo americano.
"Todas as alegações de que a Turquia recorreria a meios não legítimos para [conseguir] a extradição [de Gülen] são totalmente falsas, absurdas e sem fundamento", afirma um comunicado divulgado no Twitter pela embaixada turca em Washington.
A Turquia acusa Gülen, líder de um movimento islâmico, de ter orquestrado a tentativa de golpe contra o presidente Recep Tayyip Erdogan em julho de 2016.
Cerca de 250 pessoas foram mortas no episódio, que foi seguido por uma escalada de repressão no país, com dezenas de milhares de pessoas presas. Ancara vem pedindo insistentemente a extradição do clérigo – que é réu na Turquia –, mas os EUA têm negado o pedido.
O comunicado das autoridades turcas ainda afirma que "o fato de Fethullah Gülen, o mentor de todos estes crimes [relacionados à tentativa de golpe], continuar tendo refúgio nos Estados Unidos é uma grande surpresa e uma profunda decepção para o povo turco".
A declaração da embaixada turca é uma resposta a uma reportagem do jornal Wall Street Journal, que revelou a existência de uma investigação do procurador especial Robert Mueller sobre o caso.
Segundo a publicação, Mueller apura se Michael Flynn, ex-conselheiro de Segurança Nacional do presidente americano Donald Trump, esteve envolvido em um plano para tirar Gülen à força dos EUA e entregá-lo às autoridades turcas em troca de uma quantia milionária.
Citando fontes próximas à investigação, o jornal afirma que Flynn e seu filho, Michael Flynn Jr., teriam recebido uma proposta de 15 milhões de dólares para pôr o plano em prática.
Já segundo a emissora NBC, a equipe do procurador Mueller investiga se o ex-conselheiro de Trump participou de uma reunião com autoridades turcas em dezembro de 2016, quando teria sido discutido um pagamento secreto a Flynn para que ele atendesse a uma lista de desejos de Ancara.
Mueller suspeita, segundo os veículos, que Flynn não estava fazendo apenas ações de lobby político para promover a extradição do clérigo religioso, mas que também considerou a possibilidade de levá-lo de forma ilegal para a Turquia.
Ambas as reportagens disseram que as discussões incluíram planos para transportar Gülen em um avião privado para a prisão turca de Imrali, uma ilha próxima a Istambul.
O Wall Street Journal afirma, no entanto, que não há indicações de que o pagamento a Flynn tenha sido realizado. Os advogados do ex-funcionário da Casa Branca também rechaçaram as acusações, descrevendo-as como "falsas" e "ultrajantes".
Flynn foi conselheiro de Segurança Nacional de Trump, permanecendo no cargo por apenas 24 dias. Ele foi forçado a pedir demissão depois de ter sido revelado que ele mentiu para o vice-presidente Mike Pence e outras autoridades sobre seus contatos com o embaixador russo em Washington, Serguei Kislyak.
Mueller, por sua vez, que é ex-diretor do FBI, foi designado como conselheiro especial para comandar a investigação sobre a suposta interferência russa nas eleições presidenciais americanas no ano passado, bem como possíveis ligações entre Moscou e a campanha de Trump.
EK/afp/ap/efe/lusa/ots
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