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Twitter suspende conta de Raúl Castro

12 de setembro de 2019

Medida também atinge perfis de veículos da imprensa estatal cubana e conta da filha do ex-ditador na rede social. Governo da ilha denuncia campanha de "censura em massa" e dissidentes ironizam queixa.

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Kuba  60. Jahrestag der Revolution  Raul Castro
Todos os veículos de imprensa tradicionais - imprensa escrita, rádio e televisão - de Cuba são estataisFoto: picture-alliance/dpa/Y. Lage

O Twitter suspendeu nesta quinta-feira (12/09) as contas do ex-ditador cubano Raúl Castro e de uma de suas filhas, Mariela Castro, deputada e líder do movimento governista a favor dos direitos LGBT.

A suspensão ocorre um dia depois de a rede social também bloquear vários perfis da mídia estatal cubana. Na quarta-feira, já haviam sido suspensas as contas do jornal Granma – o diário oficial do Partido Comunista de Cuba –, do site Cubadebate, da emissora Radio Rebelde, do Canal Caribe e do programa de TV Mesa Redonda. A conta do Granma tinha 167 mil seguidores e a do Cubadebate, 300 mil.  

No entanto, permanecem ativas as contas do atual presidente cubano, Miguel Díaz-Canel Bermúdez; do segundo maior jornal do país, Juventud Rebelde; do ministro das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez; da Chancelaria da ilha; e do perfil oficial da presidência cubana.

O Twitter não deu detalhes sobre a decisão de suspender as contas. Um porta-voz da empresa se limitou a afirmar que as políticas de manipulação da plataforma proíbem os usuários de ampliar ou interromper artificialmente conversas usando várias contas.

Todos os veículos de imprensa tradicionais - imprensa escrita, rádio e televisão - de Cuba são estatais, mas nos últimos anos, com a tardia expansão da internet na ilha, surgiram plataformas de jornalismo independente que, além de informar de maneira mais crítica, reivindicam a liberdade de imprensa.

Várias dessas plataformas independentes já denunciaram que sofrem bloqueios intermitentes por parte das autoridades cubanas.

Reação

Após as suspensões, a União de Jornalistas de Cuba (UPEC, na sigla em espanhol) denunciou em comunicado divulgado nesta quinta-feira o "desaparecimento desses espaços para a expressão de ideias, em um ato de censura em massa a jornalistas, editores e veículos de imprensa".

"Exigimos que se restabeleçam imediatamente as contas bloqueadas que, em nenhum caso, violaram as políticas do Twitter, enquanto a plataforma pisa flagrantemente nos direitos dos comunicadores, os impede de exercer o seu trabalho e tenta amordaçar um fato informativo de primeira ordem no nosso país", ressalta o texto.

Para a organização, que reúne os profissionais de veículos de imprensa oficiais, "não é a primeira vez que usuários cubanos do Twitter relatam problemas para acessar as contas e recebem mensagens de que foram bloqueadas e devem seguir o procedimento para recuperá-las".

A UPEC destaca "a massividade deste ato de guerra cibernética, obviamente planejado, que procura limitar a liberdade de expressão de instituições e cidadãos cubanos, e silenciar os líderes da Revolução".

O bloqueio das contas ocorreu justamente no momento em que o Miguel Díaz-Canel discursava na TV estatal, alertando para uma nova crise de energia devido às sanções dos EUA.

"O que há de novo aqui é o escopo maciço desse ato de guerra cibernética, claramente planejado, que visa limitar a liberdade de expressão de instituições e cidadãos cubanos e silenciar os líderes da revolução", afirmou Díaz-Canel em comunicado.

No entanto, jornalistas cubanos independentes e figuras da oposição apontaram que é irônico que o governo da ilha, que há décadas controla com mão de ferro a mídia do país, afirme estar sofrendo censura.

 "A imprensa oficial cubana descobre a 'liberdade de expressão' graças ao Twitter", ironizou o site 14ymedio, fundado pela dissidente Yoani Sánchez.

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