Ucrânia comemora Dia da Independência com grande parada militar
24 de agosto de 2014Em meio a confrontos entre tropas do governo e separatistas pró-russos no leste do país, a Ucrânia comemorou neste domingo (24/08) 23 anos de independência em relação à Rússia. Cerca de 1.500 soldados participaram de uma parada militar no centro da capital Kiev, que incluiu a apresentação de tanques de guerra e veículos aparelhados com sistemas de mísseis. Milhares de pessoas empunhando bandeiras e vestindo as cores nacionais azul e amarelo lotaram a Praça da Independência.
Em discurso, o presidente Petro Poroshenko garantiu que o povo ucraniano "não quer guerra". No entanto, considerando que as ameaças militares ainda devem continuar por tempo indeterminado, é preciso equipar as Forças Armadas. Para isso, o governo aumentará em 2,2 bilhões de euros os investimentos em novos equipamentos, nos próximos dois anos.
Segundo o Ministério ucraniano da Defesa, o orçamento para compra de novos equipamentos neste ano é de 1,1 bilhão de euros. "Estou certo de que a luta pela Ucrânia, pela nossa independência, vai terminar com a nossa vitória", afirmou Poroshenko diante de um público estimado em 10 mil pessoas.
Antes da parada militar, o presidente, acompanhado por familiares, depositara coroas de flores na Praça da Independência, conhecida como Maidan, em homenagem à centena de manifestantes mortos por policiais durante os protestos que tomaram conta do país em fevereiro. A onda de manifestações levou à saída do então presidente Viktor Yanukovytch e deflagrou a maior crise política vivida pela Ucrânia desde sua independência, em 24 de agosto de 1991.
Mostra de força
A imponente parada militar deste domingo serviu ainda como uma demonstração de força de Kiev, num momento em que tropas do Exército se confrontam com milícias separatistas no leste do país. Autoridades ucranianas acusam os russos de financiarem os separatistas, a fim de promover a desestabilidade no país vizinho.
No sábado, a Ucrânia recebera da Alemanha garantias de crédito no valor de 500 milhões de euros, para que consiga obter investimentos em infraestrutura. Durante curta visita a Kiev, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, anunciou ainda o repasse de 25 milhões de euros para construção de abrigos a refugiados da guerra no leste ucraniano.
Merkel afirmou que a integridade territorial da Ucrânia é "essencial" e não excluiu a possibilidade de serem anunciadas novas punições contra os russos. Países ocidentais tentam pressionar o Kremlin a colaborar por uma solução pacífica do conflito na região próxima à fronteira ucraniana.
"Não podemos excluir a consideração de novas sanções, se não houver progressos na resolução da crise", afirmou Angela Merkel, apelando para um "cessar-fogo bilateral" e a um "controle efetivo da fronteira" entre a Rússia e a Ucrânia.
Na próxima terça-feira, Poroshenko tem uma reunião marcada com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a fim de tentar negociar uma saída para os confrontos. O encontro em Belarus será mediado por representantes da União Europeia.
Segundo as Nações Unidas, mais de 2 mil pessoas já morreram desde o início dos conflitos armados na região, em abril, os quais sucederam a anexação da península da Crimeia ao território russo.
Desfile dos separatistas
Em resposta ao desfile militar em Kiev, os rebeldes pró-russos do leste ucraniano também realizaram uma parada neste domingo. Eles fizeram cerca de 40 de prisioneiros de guerra marchar nas ruas de Donetsk, principal bastião dos separatistas, sob os gritos de "fascistas" da população.
Autofalantes anunciavam a presença dos prisioneiros: "Assistimos agora à passagem desses que foram enviados até aqui para nos matar". Na praça central de Donetsk, os separatistas também destruíram equipamentos militares ucranianos capturados nos confrontos.
A artilharia continuou no leste da Ucrânia na manhã deste domingo. Bombardeiros em Donetsk atingiram as proximidades de um dos maiores hospitais da região. Segundo funcionários do hospital Kalinina, não houve vítimas.
MSB/rtr/afp/dpa/lusa