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Britânicos e marroquino são condenados à morte na Ucrânia

9 de junho de 2022

Dois britânicos e um marroquino capturados por separatistas pró-Moscou foram condenados à pena de morte após julgamento na região de Donetsk. Reino Unido e familiares dizem que eles não eram mercenários.

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Três homens, de rostos obliterados digitalmente, atrás de grades
Aiden Aslin, Shaun Pinner e Brahim Saadoun no tribunal de DonetskFoto: Vladimir Gerdo/TASS/dpa/picture alliance

Dois britânicos e um marroquino foram sentenciados à pena de morte por separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, informou nesta quinta-feira (09/06) a agência estatal russa RIA Novosti. A sentença foi proferida após três dias de julgamento num tribunal da assim chamada "República Popular de Donetsk", área atualmente dominada por rebeldes russos. Nem a região e nem o júri são reconhecidos internacionalmente.

Os britânicos Aiden Aslin, 28 anos, e Shaun Pinner, 48, teriam sido capturados enquanto lutavam na região de Mariupol, no sudeste ucraniano, em meados de abril. Já o marroquino Saaudun Brahim teria se rendido em março na cidade de Volnovakha, também no sudeste da Ucrânia.

Todos foram acusados pelos separatistas de atuar como mercenários. Os britânicos, no entanto, afirmam que lutavam como integrantes do exército ucraniano. Por isso o Reino Unido argumenta que eles seriam prisioneiros de guerra, não devendo ser processados por participar dos combate, e sim protegidos pelas normas da Convenção de Genebra.

Um porta-voz do governo britânico disse que o país vai "seguir trabalhando com as autoridades ucranianas para tentar assegurar a libertação de cidadãos britânicos que serviram nas Forças Armadas ucranianas e que são mantidos como prisioneiros de guerra".

Além disso, ambos foram acusados de terrorismo num julgamento que especialistas afirmam ser uma tentativa de separatistas imitarem as atividades das cortes ucranianas, que têm julgado e condenado soldados russos por crimes de guerra.

Até o momento, a Ucrânia já sentenciou três soldados russos. Em 23 de maio, Vadim Shishimarin, de 21 anos, foi condenado à prisão perpétua por matar um civil de 62 anos em Sumy, no nordeste ucraniano. Em 31 de maio, outros dois militares russos foram condenados a 11 anos de detenção por bombardeios em áreas civis.

Na quarta-feira, imagens dos britânicos declarando-se culpados foram divulgadas pela agência RIA Novosti. Os separatistas afirmam que as operações das quais os suspeitos participaram teriam causado morte e ferimentos de civis, além de danos à infraestrutura civil e social. No entanto, apenas pequenas partes do processo foram tornados públicas através das mídias estatais de Moscou.

Os réus têm agora um mês para recorrer da sentença e, caso o recurso seja aceito, eles poderão cumprir a 25 anos de prisão, em vez da pena de morte por fuzilamento.

Britânicos viviam na Ucrânia antes da invasão

De acordo com informações publicadas por veículos de comunicação do Reino Unido, os britânicos condenados por separatistas pró-Rússia já eram moradores da Ucrânia bem antes do início da invasão russa, que oficialmente começou em 24 de fevereiro.

Aslin, natural de Newark, mudou-se para a Ucrânia em 2018, é casado com uma ucraniana e alsitou-se no Exército. A família acusa os separatistas de violarem a Convenção de Genebra ao publicarem um vídeo no qual, segundo os familiares, Aslin parece ter sido coagido e sofrido violência física.

Pinner é de Bedfordshire e teria atuado no Exército britânico antes de se mudar para a Ucrânia, há quatro anos, a fim de repassar suas experiências a tropas ucranianas. Ele também é casado com uma ucraniana. O contrato de três anos com as forças da Ucrânia expira no final de 2022 e, segundo a família, a intenção dele seria atuar no país no setor humanitário.

gb/av (AFP, DPA, ots)