Ucrânia diz ter evitado estratagema russo
9 de agosto de 2014A Ucrânia e os Estados Unidos acusaram, neste sábado (09/08), a Rússia de tentar atravessar a fronteira com tropas, aproveitando-se de um "corredor humanitário". Através desse estratagema, Moscou pretenderia intervir no leste ucraniano, onde rebeldes pró-Rússia e forças de Kiev continuam se combatendo. O Kremlin nega as acusações e tensões russo-ucranianas se agravam.
Segundo Valeriy Chaliy, vice-chefe de gabinete do presidente ucraniano, Petro Poroshenko, a ação foi evitada através de vias diplomáticas. "Supostamente em consulta com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha na Ucrânia, o comboio humanitário com 'forças de paz' deveria entrar [no país], aparentemente para provocar um conflito em escala total", disse.
Segundo Chaliy, o ministro ucraniano do Exterior, Pavlo Klimkin, conversou com seu homólogo russo, Serguei Lavrov. Este teria assegurado que as tentativas da Rússia na fronteira "serão interrompidas".
A porta-voz da Cruz Vermelha Sitara Jabee negou qualquer tipo de envolvimento com o comboio russo. De acordo com ela, se doações fossem recebidas da Rússia, elas seriam distribuídas segundo "as modalidades e metodologia" próprias da entidade.
A embaixadora dos EUA na Organização das Nações Unidas, Samantha Power, confirmou que uma intervenção russa "disfarçada de ajuda humanitária" seria considerada "uma invasão da Ucrânia", além de "totalmente inaceitável e profundamente alarmante".
O Ocidente vem alertando a Rússia sobre o acúmulo de tropas perto da fronteira com o leste da Ucrânia e acusa Moscou de armar os separatistas na região.
Kremlin nega
O Kremlin negou as acusações ucranianas de provocações nas fronteiras comuns. "Tropas russas não tentaram cruzar a fronteira", assegurou Dimitri Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin. "Estamos com dificuldades em entender de que os ucranianos estão falando."
A Rússia teria proposto à ONU enviar ajuda humanitária para o leste ucraniano. A oferta foi interpretada por Kiev como um pretexto para uma intervenção militar. Peskov ressalvou, no entanto, que a região precisa de toda a ajuda possível para tentar solucionar uma "catástrofe humanitária". "Essa catástrofe é agora o tema número um em discussão."
O vice-chanceler russo, Serguei Ryabkov, criticou os comentários feitos pela embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Power, afirmando que eles demonstravam a "histeria contra a Rússia" em Washington.
"Nossa proposta tem objetivos claramente humanitários, mas a iniciativa é posta de lado, e eles só falam sobre como a Rússia supostamente tentaria entrar na Ucrânia sob o pretexto de ajuda humanitária – coisa que não agrada aos EUA", reclamou Ryabkov.
RM/ap/afp/dpa/rtr