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Euro em crise

16 de maio de 2011

Prisão do chefe do FMI, Dominique Strauss-Kahn, pesou sobre o encontro em Bruxelas. Porém observadores não temem danos ao euro. Portugal receberá 78 bilhões de euros da UE e do FMI. Ajuda extra à Grécia também em pauta.

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Ministro português Fernando Teixeira (e) e comissário da UE Olli RehnFoto: AP

O primeiro dia do encontro em Bruxelas tinha como foco a votação do pacote conjunto de ajuda da União Europeia e do FMI para Portugal, no valor de 78 bilhões de euros. Entretanto os ministros de Finanças dos países que adotam o euro como moeda foram pegos de surpresa pela prisão em Nova York do presidente do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn.

Antes de sua detenção por suspeita de agressão sexual, o executivo era aguardado em Bruxelas nesta segunda-feira (16/05). Um terço da soma destinada a Lisboa provém do FMI, e Strauss-Kahn participara ativamente das negociações dos pacotes de ajuda à Grécia, Portugal e Irlanda. Em seu lugar compareceu o vice-diretor da organização, Nemat Shafik.

Apesar do choque provocado pelo escândalo, a agenda do encontro foi cumprida, e os ministros aprovaram o pacote de ajuda externa para Portugal, anunciado desde o início do mês. O país terá que colocar em prática um plano econômico estrito para, até 2013, reduzir seu déficit orçamentário a 3% do PIB.

O caso grego

A alta dívida da Grécia, que atualmente atinge 330 bilhões de euros, também foi tema. Os ministros discutiram a possibilidade de uma ajuda adicional a Atenas. Os 110 bilhões de euros destinados ao país no ano passado não bastaram e, segundo estimativas, podem ser necessários outros 60 bilhões de euros.

O ministro belga das Finanças, Didier Reynders, subordinou a concessão de novo crédito à adoção, por Atenas, de "medidas adicionais" de austeridade. O holandês Jan Kees de Jager avaliou assim a situação: "No momento, parece que a Grécia não está na trilha certa, e ela deveria primeiro ser recolocada na trilha, antes que se tome qualquer decisão. O único caminho adiante agora é: mais reformas, mais cortes orçamentários e privatização".

No encontro que vai até esta terça-feira, os ministros de Finanças europeus voltaram a discutir o Mecanismo Europeu de Estabilidade. A introdução do fundo que deverá contar com 500 bilhões de euros está prevista para 2013.

Escândalo Strauss-Kahn

A prisão de Dominique Strauss-Kahn em Nova York causou repercussão ao longo do dia em Bruxelas. No entanto, o comissário da UE para Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn, afirmou: "A continuidade do Fundo Monetário Internacional está assegurada, não há dúvidas quanto a isso".

Para Reynders, o escândalo em torno do chefe do FMI não vai enfraquecer o euro, apesar de se tratar de "um problema pessoal muito grave" para o implicado. "Já se ouviu a versão da polícia e da vítima. Agora também é preciso ouvir a versão de Strauss-Kahn", comentou o ministro belga.

Seu homólogo alemão Wolfgang Schäuble também demonstrou otimismo. "O FMI é tão bem organizado que pode lidar com a ausência temporária de seu chefe", comentou. Observadores da Bélgica e da Alemanha declararam que gostariam de ver um outro europeu à frente da organização, caso o francês Strauss-Kahn renuncie.

NP/dpa/rts/afp
Revisão: Augusto Valente