UE condena uso de "civis como escudos humanos" pelo Hamas
13 de novembro de 2023Os ministros do Exterior da União Europeia (UE) condenaram em declaração conjunta divulgada nesta segunda-feira (13/11) a piora da situação humanitária na Faixa de Gaza e criticaram o uso de "civis como escudos humanos" pelo grupo terrorista Hamas no conflito contra Israel.
Em reunião em Bruxelas que também tratou da guerra na Ucrânia, os ministros europeus lançaram um apelo por "pausas e corredores humanitários a serem criados imediatamente no intuito de lidar com a situação problemática das pessoas em Gaza", afirmou o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.
Ele disse que o bloco europeu também pediu a Israel "o máximo de contenção nos ataques de modo a evitar perdas humanas", em meio aos combates no entorno do hospital Al-Shifa, o maior de Gaza. O Exército israelense justificou suas ações próximas ao local afirmando que o Hamas mantém um centro de controle subterrâneo na região do hospital.
Borrell, no entanto, ressaltou que muitos hospitais em Gaza "simplesmente entraram ou estão à beira do colapso". "Os pacientes em cuidados intensivos não terão chance. Não há oxigênio, água, medicamentos, então essas pessoas vão morrer", alertou o ministro do Exterior de Luxemburgo, Jean Asselborn.
Divergências superadas
O comunicado conjunto dos ministros dos 27 Estados-membros da UE com as declarações sobre o conflito foi uma demonstração de unidade após semanas de desentendimentos sobre como o bloco deveria lidar com o conflito entre Israel e o Hamas.
"Sabemos como foi difícil das últimas vezes, após a votação na ONU onde os países votaram de maneiras diferentes, para apresentarmos uma perspectiva em completa união", disse Borrell.
Em 28 de outubro, após os líderes da UE expressarem unidade em torno da crise Israel-Hamas, os Estados-membros acabaram se dividindo durante uma votação na Assembleia-Geral da ONU sobre uma resolução que pedia tréguas humanitárias em Gaza.
Na declaração conjunta desta segunda-feira, os países da UE disseram aderir aos "chamados por pausas imediatas no conflito", que devem incluir o "estabelecimento de corredores humanitários, inclusive através do aumento da capacidade das travessias de fronteira e de uma rota marítima específica, para que a ajuda humanitária possa chegar em segurança à população de Gaza."
O texto reitera ainda o "apelo ao Hamas pela libertação imediata e incondicional de todos os reféns", e diz ser essencial que o Comitê Internacional da Cruz Vermelha tenha acesso às pessoas sequestradas pelo Hamas.
A guerra declarada por Israel foi desencadeada após o grupo palestino islâmico Hamas promover uma série de ataques terroristas em Israel em 7 de outubro, que deixaram cerca 1,4 mil mortos. Mais de 200 pessoas são mantidas como reféns pelos terroristas. Após os ataques, Israel iniciou uma ofensiva no enclave palestino que já teria deixado mais de 11 mil mortos, segundo Ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas.
Civis como "escudos humanos"
A declaração conjunta dos ministros da UE reiterou a condenação do bloco europeu ao Hamas por usar "hospitais e civis como escudos humanos". O ministro da Letônia, Krisjanis Karins, disse que grupo palestino "usa infraestruturas civis e os próprios civis como escudo contra o Exército israelense".
Israel acusa o Hamas de esconder seus integrantes entre os civis nos hospitais, e que o Al-Shifa seria o maior exemplo disso. Segundo os israelenses, os extremistas teriam um centro de comando dentro e no subterrâneo do complexo médico.
Até o momento, não foram apresentadas evidências que corroborem essa denúncia de forma independente. Israel, porém, divulgou imagens de terroristas atuando em áreas residenciais e posicionando foguetes próximo a mesquitas e escolas.
O Hamas, considerado uma organização terrorista na UE e nos Estados Unidos, acusa Borrell de distorcer os fatos, e diz que suas declarações estariam servido de cobertura para que Israel "cometa mais crimes contra crianças e civis indefesos". O grupo islamista exigiu que o chefe da diplomacia da UE retire seus "comentários revoltantes e desumanos".
UE avalia criar corredor marítimo
Borrell informou que está sendo avaliada uma proposta do ministro cipriota do Exterior, Constantinos Kombos, de criar um corredor marítimo a partir de seu país para o envio de ajuda a Gaza. O Chipre está localizado a 460 quilômetros do enclave palestino.
A proposta enfrenta grandes obstáculos, após a destruição dos portos do enclave palestino por Israel. Para torná-la viável, seria necessário, além de um acordo político com Tel Aviv, encontrar soluções técnicas para o desembarque da ajuda humanitária.
rc/rk (DPA, AP)