UE critica ataques à oposição na Rússia
28 de julho de 2019A União Europeia (UE) criticou duramente, neste domingo (28/07), a detenção de mais de mil pessoas em manifestação da oposição em Moscou, no sábado, em defesa de eleições regionais livres e justas em setembro.
Em comunicado, a chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, considerou que essas prisões e o uso desproporcional de força contra manifestantes pacíficos se insere numa "série preocupante de prisões e ataques policiais contra políticos da oposição nos últimos dias", considerando que "minam seriamente as liberdades fundamentais de expressão, associação e reunião".
"Esses direitos fundamentais estão consagrados na Constituição russa, e esperamos que eles sejam protegidos", afirmou Mogherini.
Ao mesmo tempo, ela exigiu igualdade de oportunidades para todos os candidatos na próxima eleição regional. Segundo Mogherini, para que as eleições municipais de setembro sejam "um genuíno processo democrático, é essencial criar as condições para a igualdade de oportunidades e um ambiente político inclusivo".
De acordo com informações de ativistas, na manifestação contra a exclusão de numerosos políticos da oposição das eleições regionais, mais de 1.370 pessoas foram presas no sábado na capital russa. Segundo relatos da mídia, a maioria delas já foi libertada.
A manifestação não autorizada no centro de Moscou pedia eleições livres e justas perante a recusa das autoridades eleitorais de registrarem 57 candidatos da oposição para as eleições municipais de 8 de setembro. Algumas detenções foram feitas de forma violenta, e muitos manifestantes foram feridos na cabeça, segundo a agência de notícias AFP.
A Comissão de Direitos Humanos, dependente do Kremlin, tomou posição favorável à oposição e apelou à comissão eleitoral para registar "todos os candidatos" que recolheram o mínimo de assinaturas necessárias, porque o contrário significa ignorar "a vontade de milhares de eleitores".
A oposição russa encara as eleições municipais como primeiro passo para tentar obter representação na Duma (câmara baixa do Parlamento), nas próximas eleições legislativas de 2021.
Líder opositor hospitalizado
O líder opositor Alexei Navalny foi preso na semana passada e está cumprindo uma pena de 30 dias por incentivar a participação na manifestação. Neste domingo, ele foi levado às pressas da prisão a um hospital após sofrer uma reação alérgica.
A porta-voz de Navalny, Kira Yarmysh, afirmou que ele tinha sinais de alergia aguda, com "inchaço severo no rosto e vermelhidão na pele". O hospital ainda não divulgou seu diagnóstico, e a causa precisa dos sintomas ainda segue desconhecida.
Contudo, uma médica que tratou Navalny no passado e que pôde conversar brevemente com ele neste domingo afirmou que um possível envenenamento na prisão não é descartado.
"Não podemos descartar a possibilidade de que danos tóxicos na pele e nas membranas mucosas causados por uma substância química desconhecida tenham sido provocados com a ajuda de um 'terceiro'", escreveu Anastasia Vasilyeva no Facebook.
CA/lusa/afp/dpa/rtr
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