UE disposta a participar de missão de paz no Oriente Médio
17 de julho de 2006Após encontro em Bruxelas, nesta segunda-feira (17/07), a União Européia declarou estar, em princípio, disposta a participar de uma missão no Oriente Médio, junto às tropas de paz da ONU. O ministro finlandês das Relações Exteriores, Erkki Tuomioja, anunciou que, já nesta terça-feira, conversará com o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, sobre o assunto. Tuomioja declarou: "Tenho confiança de que a União Européia e seus países-membros, que no passado participaram de missões de tipo, estarão prontos a agir, se as condições para tal forem criadas".
Sob o comando das Nações Unidas, os líderes da União Européia se esforçam para encontrar uma solução diplomática para o conflito armado no Oriente Médio. Previamente a uma visita do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, a Bruxelas nesta segunda-feira, os ministros do Exterior dos 25 países-membros se reuniram para avaliar sua postura em relação à crise entre Israel e o grupo guerrilheiro libanês Hisbolá.
O ministro finlandês das Relações Exteriores, Erkki Tuomioja, que recentemente assumiu a presidência do Conselho da UE, pediu a todos que apóiem os recentes esforços diplomáticos da ONU. Muitos dos presentes disseram temer que o conflito venha a se expandir na região.
Israel: defesa, mas com limites
No documento apresentado, Israel é intimado a "não agir de maneira desmedida" e a respeitar o Direito Humanitário Internacional. "Medidas injustificadas só piorarão o círculo vicioso de violência e retaliação", consta, embora a UE reconheça as preocupações de Israel e seu direito à autodefesa.
A UE condenou igualmente o seqüestro dos dois soldados israelenses e exigiu sua libertação imediata e incondicional pelo Hisbolá, assim como a suspensão dos bombardeios a cidades israelenses. A UE espera também que o Líbano faça o que puder para manter seu território sob controle e evitar ataques terroristas a Israel.
Recém-chegado de Beirute, o encarregado de Política Externa e Segurança Comum da União Européia, Javier Solana, assegurou que o governo do primeiro-ministro libanês Fuad Siniora merece todo apoio.
"O importante é que esse conflito não se espalhe pela região", disse o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank Walter Steinmeier – preocupação que foi compartilhada por seus homólogos europeus. "Se isso continuar assim por mais um ou dois dias, o conflito poderá tomar conta de toda a região", teme Jean Asselborn, de Luxemburgo.
Também o chefe da diplomacia sueca, Jan Eliasson, lembra que o conflito põe em risco não só a população e o governo libanês, mas a estabilidade de toda a região. O finlandês Tuomioja advertiu ainda que "lá se encontram milhares de cidadãos europeus".
No entanto, Tuomioja eliminou as esperanças de que a UE pudesse contribuir com uma rápida solução do conflito.
G8 propõe envio de tropas de estabilização
Annan elogiou a reivindicação feita pelo G8, o grupo composto pelos sete maiores países industrializados do mundo e a Rússia, de que fossem enviadas tropas internacionais de estabilização para controlar a região fronteiriça entre Israel e o sul do Líbano.
Para o premiê britânico, Tony Blair, isso ajudaria a amortizar os conflitos, que, segundo ele, "não cessarão se não criarmos as condições necessárias". Na sua opinião, a escalada da violência na região "não é um mero acaso".
No domingo (16/07), os chefes de Estado e de governo do G8 conclamaram Israel, o grupo guerrilheiro libanês Hisbolá e o palestino Hamas a cessar fogo, em uma declaração que, segundo a chanceler federal alemã, Angela Merkel, "foi de extrema importância".
França considera ataques "aberrantes"
O presidente francês, Jacques Chirac, também aprovou a solução apresentada pelo G8 e enviou o primeiro-ministro Dominique de Villepin à região como intermediador. "Não haverá solução, se Israel e Líbano não se comunicarem", disse.
Antes do encontro de ministros em Bruxelas, Chirac condenara os ataques israelenses como "violentos e aberrantes" e cobrara medidas diplomáticas urgentes para agilizar o cessar-fogo. Para ele, os ataques criaram uma "situação dramática" que implicará esforços custosos de reconstrução da infra-estrutura no Líbano, além de terem afetado a população civil.
Segundo o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, "pela primeira vez, começamos a nomear claramente as causas do conflito, ou seja, as atividades terroristas do Hisbolá".
Israel, no entanto, alerta que ainda é cedo para avaliar a possibilidade de tropas internacionais monitorarem a fronteira meridional do Líbano. "Por enquanto, queremos ter certeza de que o Hisbolá não ultrapassou nossa fronteira setentrional", disse o porta-voz do governo.