UE diverge sobre forma de combater imigração ilegal
20 de junho de 2002Tampouco existe um consenso sobre medidas draconianas, como uma redução na ajuda ao desenvolvimento, contra os países que não cooperarem com o futuro controle da imigração ilegal pela União Européia. Esta proposta da Espanha, que ocupa a presidência rotativa da UE, é rejeitada principalmente pela França e a Suécia.
O chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder, defendeu o planejado combate drástico à imigração ilegal, afirmando que os planos da UE não teriam nada a ver com um isolamento ou uma fortaleza em volta da Europa, como acusam ONGs ativistas dos direitos humanos.
O fluxo de imigrantes ilegais, principalmente os transportados de navio pelo Mediterrâneo por bandos de traficantes humanos, é um dos principais problemas a ser discutido pelos chefes de Estado e de governo em Sevilha.
No mínimo três milhões de pessoas vivem ilegalmente nos 15 países da UE, segundo estimativas da ONU. A polícia comum européia, Europol, calcula que 500 mil pessoas entram por ano ilegalmente na UE, mas o número real deve ser bem maior.
Abuso da extrema-direita
Na véspera da conferência de cúpula de Sevilha, o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, disse que se a UE não driblar as questões asilo político e imigração, vão melhorar as condições para o fortalecimento da extrema-direita na Europa. Assim como os seus colegas da França e Suécia, Blair também duvida que a cooperação de terceiros países no combate à imigração ilegal dependa da ajuda ao desenvolvimento. Deve ficar bem claro, porém, que os países de origem e os outros por onde transitaram os imigrantes ilegais também devem contribuir para uma solução do problema, segundo o premier britânico.
Os líderes da UE querem também aprovar medidas para proteger melhor de imigrantes indesejados as suas fronteiras externas e padronizar as suas políticas de asilo e imigração. Está planejada também, há muito tempo, a criação de uma polícia de fronteira comum européia.
Os 500 africanos que se entrincheiraram na Universidade de Sevilha pretendem fazer uma greve de fome durante a cúpula de dois dias, a fim de protestar contra a política restritiva de imigração.
Imigração enriquece a sociedade
Ao contrário da posição dos seus governantes, a maioria dos cidadãos da UE encara as minorias e imigrantes de forma positiva. Segundo uma pesquisa encomendada pela Comissão Européia, 61% dos cidadãos da UE vêem as minorias e os imigrantes como um enriquecimento da sociedade. Um quarto não se sente incomodado pelos imigrantes, mas deseja que eles se adaptem aos costumes do país onde vivem. O combate à imigração ilegal não é, segundo os europeus, a tarefa mais importante da UE.
Outro tema importante da conferência de cúpula são as negociações sobre a ampliação da UE, que deverão ser concluídas até o fim de 2002. O ponto mais polêmico é o futuro da política agrária depois da expansão, com o ingresso de outros países. Principalmente Berlim exige um limite dos gastos de bilhões de euros com o sistema de subvenção, mas não se espera uma decisão em Sevilha.