Impasse com Irã
14 de outubro de 2006O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, advertiu haver poucas perspectivas de sucesso para as negociações quanto às atividades nucleares do Irã. Numa entrevista à emissora Inforadio, ele enfatizou contudo que o pacote de incentivos proposto com o fim de solucionar a questão continua sobre a mesa.
"No momento não nos encontramos numa situação em que negociações possam ser mantidas com perspectivas de sucesso", declarou o chefe da diplomacia alemã. Neste caso, caberia ao Conselho de Segurança da ONU definir potenciais sanções.
Independente deste fato, permanece a disposição de retomar as conversações e a oferta européia de cooperação, "a qualquer momento que o Irã se declare disposto a aceitar as condições", insistiu o político alemão.
UE chuta o balde
Estes comentários de Steinmeier vieram um dia após a União Européia considerar fracassadas as tentativas de diálogo com aquele país asiático. A equipe de negociações do bloco decidiu entregar ao Conselho de Segurança Mundial a decisão de intervir no impasse, se necessário com ação punitiva.
Num esboço de resolução, a UE acentuou que a continuação pelo Irã de atividades relacionadas ao enriquecimento de urânio não lhe deixa opção. A suspensão das negociações deverá ser oficialmente anunciada durante encontro dos ministros europeus do Exterior, na próxima terça-feira, em Luxemburgo.
Acordo entre "os seis"
Segundo Jean-Baptiste Mattei, porta-voz do ministério francês das Relações Exteriores, existe um "amplo acordo" neste ponto entre as seis nações empenhadas no impasse nuclear com o Irã.
Estas são os cinco países-membros do Conselho de Segurança – China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia –, além da Alemanha. Há semanas elas vêm debatendo a linha a ser adotada, desde que Teerã ignorou o prazo, até 31 de agosto último, para suspender seu programa de enriquecimento de urânio.
O porta-voz do Departamento norte-americano de Estado, Sean McCormack, ressalvou, entretanto, não haver ainda acordo quanto à natureza das sanções a serem aplicadas.
Sanções abrangentes
O Artigo 41 do Conselho de Segurança das Nações Unidas estipula que seus membros podem "deliberar que medidas, excluído o uso da força armada, devam ser empregadas para levar a efeito suas decisões".
Estas medidas podem implicar a suspensão, total ou parcial, das relações econômicas e dos transportes por terra, mar e ar, assim como das comunicações postais, telegráficas, radiofônicas ou outras. A ruptura dos laços diplomáticos está igualmente prevista.
Secundados pelo Reino Unido, os EUA são os mais fortes partidários da adoção de sanções, dentro do Conselho da ONU. Entretanto aqui enfrentam a resistência da China e da Rússia.