UE: nova presidência, novo rumo?
30 de junho de 2005Foram seis meses difíceis para o primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, na presidência da União Européia. O bloco afundou em uma crise depois que o prazo do processo de ratificação da Constituição foi ampliado e as negociações do plano orçamentário para o período de 2007 a 2013 não encontraram consenso até agora.
O resultado negativo dos plebiscitos na França e Holanda, que orientam as posturas destes dois governos, foi um golpe duro para os defensores da Constituição, como o chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder, e o próprio Juncker. Sem uma aprovação unânime, o processo teve que ser interrompido.
O último encontro de cúpula, em junho, para estipular o orçamento da UE também esbarrou em interesses nacionais. Juncker acusou Londres de inviabilizar o plano orçamentário por rejeitar uma renegociação do desconto que o Reino Unido usufrui no pagamento de suas contribuições à comunidade.
Sem fracasso
A presidência de Juncker foi bastante conturbada, mas não pode ser considerada um fracasso. Em março deste ano, ele conseguiu um acordo com relação ao Pacto de Estabilidade, tornando menos rigorosos os prazos e as regras, resultando em um certo alívio para países como a Alemanha e a França, que ultrapassaram o limite estipulado de 3% do PIB em seu déficit orçamentário.
Em entrevista à DW-WORLD, o ministro das Relações Exteriores de Luxemburgo, Jean Asselborn, cuja presidência no Conselho de Ministros da UE encerrou nesta quinta-feira (30/06), reconhece que foi um período difícil especialmente devido à resistência inglesa. Para ele, o Reino Unido, que assume por seis meses a presidência rotativa da UE a partir de 1º de julho, precisa revisar as já conhecidas propostas para o financiamento do bloco.
Trabalhar com mais empenho
"Sem uma solução para os problemas financeiros, será difícil para os novos países-membros. Os britânicos sabem disso e estou curioso para saber até que ponto a proposta deles pode se distanciar da nossa".
Blair defende a renovação urgente da União Européia e é acusado de tentar transformar a UE em mera comunidade econômica. Asselborn salientou que, se a meta é fazer com que a Europa continue desempenhando um papel de destaque no mundo, não limitando-a apenas a uma zona de livre comércio, "é preciso trabalhar com menos superficialidade".
Observar e dar apoio
A nova postura de Blair em nada lembra o conceito de um Estado moderno, elaborado em conjunto com Schröder no verão europeu de 1999. O chanceler federal alemão não acredita seriamente que o primeiro-ministro britânico abdique do desconto durante sua presidência da UE.
O ceticismo de Schröder não se limita apenas a este aspecto. Sua visão da Europa é bem distante das idéias de Blair. Para ele, a UE não é apenas um grande mercado comum e sim um modelo social bem-sucedido.
Berlim pretende observar como será o início da presidência do Reino Unido na UE, ao mesmo tempo em que está diposto a contribuir de forma ativa para a solução dos problemas atuais.