UE e a crise
19 de outubro de 2011Os protestos contra o programa de contenção de gastos do governo grego culminaram em violência em Atenas, nesta quarta-feira (19/10). Manifestantes lançaram pedras e projéteis incendiários contra policiais, que, por sua vez, atacaram com gás lacrimogêneo a multidão reunida diante do parlamento. Aeroportos, transportes coletivos e balsas ficaram paralisados.
Uma guarita em frente ao palácio presidencial foi incendiada. Participantes dos protestos investiram com martelos e pés-de-cabra contra diversos edifícios, destruindo letreiros de bancos e quebrando vitrines. Por ocasião da greve nacional de dois dias, dezenas de milhares de pessoas se reuniram no centro da capital.
Cúpulas decisivas
A crise da Grécia representa um sério desafio, que a União Europeia também pretende abordar neste fim de semana. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, prometeu empenhar-se para que o encontro de cúpula programado para domingo proponha respostas concretas para a crise de endividamento no bloco.
"Nós nos encontramos num momento decisivo para o futuro do euro e da Europa", comentou o político português nesta quarta-feira, em Bruxelas. Ele insistiu que os líderes políticos do bloco apresentem uma "resposta forte" à situação, neste fim de semana.
Na sexta-feira, inicia-se na capital belga um debate de três dias sobre possíveis soluções para a crise de endividamento na zona do euro. As deliberações culminam em duas conferências de cúpula: uma reunindo os chefes de Estado e de governo da UE, e outra com representantes da zona do euro.
Berlim e Paris
A Alemanha e a França mantêm um papel de liderança na busca de soluções para a atual crise. Nos últimos dias, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e seu ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, alertaram contra expectativas exageradas em relação à cúpula.
Por sua vez, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, falou em Paris de "desafios históricos" para a Europa. Sarkozy viajou a Frankfurt nesta quarta-feira conversar com Merkel sobre a cúpula.
Um dos pontos centrais da conferência de domingo é uma maior participação do banco no resgate da dívida grega, assim como injeções de capital para os institutos financeiros europeus em dificuldades. Além disso, se busca um modelo para fortalecer o poder financeiro do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), sem que os países-membros tenham que se comprometer com mais bilhões de euros em garantias.
A Alemanha é a favor de que os bancos renunciem em grande parte a suas exigências em relação à Grécia. Está sendo estudado um abatimento das dívidas em até 50%, em vez dos 21% cogitados até então. Neste ponto, a França é mais cautelosa, já que a Grécia deve altas somas a bancos franceses.
"Modelo do seguro"
Outro tópico em discussão é como conferir maior impacto aos 440 bilhões de euros do FEEF, através de um recurso técnico-financeiro. Aqui, a França está disposta a arriscar mais do que a Alemanha. Um modelo repetidamente proposto é a assim chamada "solução do seguro". Segundo esta, o fundo de estabilidade incentivaria investidores a comprar títulos de dívida pública dos países que adotam o euro, assumindo, por sua vez, 20% a 30% do prejuízo, no caso de falência estatal.
Com base em fonte diplomáticas da UE, o jornal britânico The Guardian divulgou que o "modelo do seguro" conferiria ao FEEF um valor equivalente a 2 trilhões de euros. O alemão Financial Times Deutschland limitou-se a falar em 1 trilhão de euros.
Em meio às "intensas discussões" sobre o tema mencionadas pela porta-voz do Ministério das Finanças em Berlim, um ponto é pacífico: o valor de garantia assumida pela Alemanha não deve ultrapassar os 211 bilhões de euros estipulados. Segundo o comissário europeu para Assuntos Econômicos, Olli Rehn, a meta é aumentar a "eficácia e flexibilidade" do fundo de estabilidade. Também ele espera uma solução no decorrer das deliberações deste fim de semana em Bruxelas.
AV/afp/dapd
Revisão: Roselaine Wandscheer